Queda de preço em Fortaleza e alta em São Paulo
A desoneração dos preços de alimentos determinada pela presidente Dilma Rousseff fez baixar em 20% o preço da buchada de bode, prato mais vendido no Mercado São Sebastião, em Fortaleza, maior polo gastronômico da capital cearense. Já em São Paulo, o preço da tradicional feijoada do restaurante Bolinha, na região dos Jardins, corre risco de ficar mais salgado.
Os proprietários do restaurante se queixam que o frigorífico Brasil Foods (BRF), dono das marcas Perdigão e Sadia, aumentou entre 20% e 25% os preços dos chamados pertences para feijoada, como carne seca, costelinha salgada e linguiça defumada, entre outros.
"É uma pena, porque mesmo que baixe o preço do feijão, do arroz e da couve as carnes têm um peso muito maior no custo da feijoada", diz José Orlando Paulillo, sócio do Bolinha.
Apesar do aumento de custo, o consumidor ainda deve continuar a pagar por algum tempo R$ 89 pela feijoada nos dias de semana e R$ 107 nos sábados, domingos e feriados.
"Nossa linha de conduta é nem pensar em repassar nada quando acontece esse tipo de coisa", explica Paulo Afonso Paulillo, irmão e sócio de José Orlando. "Isso aí a gente banca, assimila, leva um soco no fígado e vai aguentando. Só vamos mexer nos preços quando sentirmos que a margem realmente ficou danificada."
A BRF não se pronunciou oficialmente, mas uma fonte na empresa disse que o frigorífico elevou os preços de todos os produtos por causa do aumento de custos provocado pela escalada das cotações internacionais do milho e da soja em 2012, que jogou para cima o preço da ração.
Preço popular. Enquanto isso, a medida do governo é comemorada em Fortaleza. "Agora podemos comer a nossa buchada a um preço bem popular", diz o vereador Acrísio Sena (PT), frequentador assíduo do Mercado São Sebastião e autor do projeto de lei que cria oficialmente o polo gastronômico. O preço do prato caiu de R$ 5 para R$ 4.
O vereador diz que o preço menor serve também para atrair os turistas que vão assistir em Fortaleza aos jogos da Copa das Confederações, em junho, e da Copa do Mundo de 2014. "É um atrativo a mais sim, pois não podemos explorar o turista, mas sim oferecer preços bons para que ele conheça nossa culinária popular."
Os comerciantes de pontos de alimentação do São Sebastião dizem que, depois que o preço do prato de buchada baixou, as vendas cresceram em pelo menos 30%. "Com a redução do preço dos miúdos de bode, que a gente repassou para o consumidor, aumentou o número pessoas comendo buchada", disse Maria José de Oliveira, dona de uma lanchonete no São Sebastião. Maria José vendia em média 30 pratos de buchada por dia e agora está fazendo até 40 pratos.
"Agora a gente pode se alimentar com sustança sem pagar tão caro", comemorou Cosmo Praciano, que diariamente vai ao São Sebastião se alimentar com pratos como buchada, panelada ou gostosinho.
Veículo: O Estado de S.Paulo