As três maiores companhias nacionais de celulose e papel, Fibria, Suzano Papel e Celulose e Klabin, apertaram o cinto ao longo do ano passado, adotaram ações de controle e redução de custos e começaram a colher os resultados das medidas de austeridade. Combinadas a demanda e preços mais favoráveis, essas iniciativas beneficiaram as margens da indústria e fortaleceram o balanço geral do quarto trimestre.
Juntas, Fibria, Klabin e Suzano registraram resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 1,54 bilhão entre outubro e dezembro, uma alta de 38,7% na comparação anual. Nas mesmas bases, a receita líquida consolidada subiu 18%, para R$ 4,401 bilhões, enquanto o custo dos produtos vendidos (CPV) avançou em ritmo mais lento, com alta de apenas 8,8%, para R$ 3,265 bilhões.
A última linha do balanço, em termos consolidados, refletiu a melhora operacional, que no último trimestre mais do que compensou o maior resultado financeiro líquido negativo. Entre outubro e dezembro de 2012, as três empresas registraram lucro líquido, que, consolidado, ficou em R$ 227,5 milhões. Um ano antes, as mesmas companhias tiveram juntas prejuízo de R$ 30 milhões - considerando-se perda individual de R$ 360 milhões (da Fibria) a lucro individual de R$ 208 milhões (da Suzano).
Esse desempenho no fim do ano passado não serviu de justificativa para acomodação das empresas. Ao comentar os resultados trimestrais, dirigentes das três companhias reiteraram a manutenção do foco no controle de custos e despesas, com direito a medidas ainda mais drásticas - como a suspensão de determinados investimentos e maior disciplina na execução de planos de expansão.
Nessa seara, as três companhias já anunciaram algum tipo de iniciativa. O plano mais recente é o da Suzano, que suspendeu dois projetos, de energia renovável e da futura fábrica de celulose no Piauí, que juntos demandariam investimento de pelo menos US$ 4 bilhões. O congelamento dos planos faz parte de um pacote mais amplo de medidas, que abrangem praticamente todas as áreas da empresa e serão aprofundadas ao longo de 2013.
"A decisão foi por uma política mais conservadora de endividamento e determinada na busca de resultados", afirmou o presidente da Suzano, Walter Schalka.
No ano passado, o custo dos produtos vendidos da Suzano totalizou R$ 4,04 bilhões, alta de 7% na comparação anual, entre outros fatores por causa dos custos maiores com madeira de terceiros, que ainda pressionarão essa linha nos próximos dois anos.
A Fibria, que adiou os planos para construção da segunda linha de celulose na fábrica de Três Lagoas (MS), segue com foco na conquista da nota grau de investimento, concedida e retirada no passado por agências de classificação de risco à Aracruz e à Votorantim Celulose e Papel (VCP), que deram origem à companhia.
O controle rigoroso dos custos também aparece no topo das prioridades da companhia, de acordo com Marcelo Castelli, presidente da Fibria. Em 2012, ações dessa natureza e maior eficiência operacional foram decisivas para manutenção do custo caixa de produção de celulose, de R$ 473 por tonelada, em nível praticamente estável ante 2011, a despeito da inflação de 5,8% (medida pelo IPCA) e da valorização de 17% do dólar médio.
A Klabin, que desde o fim de 2011 colocou em marcha um amplo programa de redução de custos, acaba de estender as medidas à área florestal e avalia que o pico dos esforços será alcançado neste ano. Ao mesmo tempo, a direção da companhia diz que não levará adiante o plano de erguer uma nova fábrica de celulose enquanto não tiver acertado a participação de investidores estratégicos no projeto - a Klabin pretende aportar florestas já existentes na Klabin Celulose, o que não alteraria seu endividamento. Em 2012, a companhia registrou CPV de R$ 2,823 bilhões, estável em relação ao exercício anterior, apesar das condições macroeconômicas.
Veículo: Valor Econômico