Wastech investe em tecnologia para reciclagem de plástico

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Apesar de oferecer vantagens na substituição de alguns materiais, o plástico é visto em muitos casos como um dos vilões do meio ambiente. Essa fama, entretanto, pode estar com os dias contados. Se as novas tecnologias de reciclagem do produto começarem a vingar, o plástico pode seguir o mesmo caminho das latinhas de alumínio, que praticamente "não chegam ao chão" quando são jogadas fora.

 

Uma das técnicas mais novas, e que pode dar um valor adicional para a reciclagem do plástico, está sendo trazida ao Brasil pela Novaenergia, empresa criada pelo grupo Wastech. Especializado em tratamento de resíduos perigosos, com mais de 20 anos de mercado, o grupo fechou um acordo com a alemã Clyvia Technology para transformar plástico em óleo diesel.

 

A idéia básica é pegar o derivado de petróleo e por meio de processos de despolimerização fracionada e fazer o caminho inverso da fabricação do plástico, fazendo o material voltar à condição anterior. Isso porque o aquecimento do plástico picado, submetido a pressão, leva a um processo químico dentro da cadeia de carbono que permite se obter, dentro de um reator a vácuo, hidrocarbonetos com baixo teor de enxofre, informou o sócio da Wastech, Luciano Costa Coimbra. Cada tonelada de plástico é suficiente para produzir mil litros de diesel. "E não é biodiesel, chamamos de ‘liesel’, porque é um diesel proveniente de matéria-prima mineral, mas que vai ajudar a ‘limpar’ o meio ambiente", acrescentou Coimbra.

 

Exclusividade

 

O diesel feito a partir do plástico pode, segundo ele, ser usado em qualquer veículo movido à diesel normal, sem qualquer adaptação. O acordo prevê a exclusividade da brasileira para o uso da tecnologia por cinco anos e o projeto inclui a implantação de até 50 unidades recicladoras em todo o Brasil, orçadas em R$ 16 milhões cada uma. Os investimentos serão feitos com recursos próprios ou, em alguns casos, em parceria com alguns investidores nacionais interessados dos setores de plásticos, de coleta e aterramento de lixo urbano e de tratamento de resíduos industriais. Estima-se o retorno do investimento em 30 meses.

 

Há negociações para a venda de ações da Novaenergia para alguns fundos financeiros internacionais especializados em investimentos ambientais e em geração de energia ou combustíveis a partir de fontes alternativas, segundo Coimbra. "Alguns bancos nacionais também manifestaram interesse, mas interromperam as negociações por algum tempo enquanto o mundo se arruma após a crise", disse.

 

"Vamos implantar cada uma individualmente", explicou. As quatro primeiras devem ser instaladas em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. "Se der certo, o lixo passará a ser uma commoditty, principalmente se levarmos em consideração que o plástico representa cerca de 15% de tudo que é jogado fora", acrescentou o sócio da Wastech, empresa que mantém contratos em carteira de transporte especializado e destinação final de resíduos da ordem de R$25 milhões.

 

É nesta mesma tecla que o Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos, Plastivida, vem batendo há alguns anos. Segundo o presidente da entidade, Francisco de Assis, a reciclagem no Brasil cresce 14% ao ano e atualmente o País já está em nono lugar entre os maiores recicladores, reutilizando 962,5 mil toneladas, o equivalente a 21% dos plásticos no mercado, movimentando cerca de R$ 1,8 bilhão. Mas ainda está longe de países como a Alemanha, com 31% de reciclagem.

 

Segundo Assis, a reciclagem química não decolou em muitos países pelas tecnologias anteriores, que eram caras. Além disso, segundo ele, tudo depende também do preço do petróleo. O que não inviabiliza a reutilização do plástico para outros fins. "No Japão, por exemplo, eles reutilizam 90% do plástico não na reciclagem, mas sim como forma de energia, o que também poderia ser feito no Brasil", disse Assis. Isso porque um quilo de plástico pode produzir a mesma energia de calor/vapor que um litro de óleo diesel.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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