Produto mais caro é estratégia para driblar baixo crescimento do setor
Brasil é o segundo maior produtor mundial; consumo médio é de 6,2 quilos por habitante ao ano
Produtos "premium", como cookies e bolachas com apelo saudável, são a aposta da indústria brasileira de biscoitos para alavancar o desempenho do setor.
A estratégia busca driblar o baixo crescimento dos últimos anos. Diante da alta penetração do alimento nos lares do país, as empresas encontram dificuldades em aumentar o volume de vendas. A solução é elevar os ganhos com produtos mais caros.
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de biscoitos, atrás apenas dos EUA, com consumo médio anual de 6,2 quilos por habitante.
"O setor tem melhorado o mix de produtos, aumentando a participação dos biscoitos com maior valor agregado", afirma Luiz Eugênio Pontes, diretor de assuntos corporativos da Anib (Associação Nacional das Indústrias de Biscoitos).
Segundo ele, a elevação da renda tem aumentado a demanda de "premium". "O consumidor está ávido por inovação e sofisticação. Com poder para gastar mais, quer nas prateleiras produtos dos sonhos, além dos saudáveis, como os integrais".
O faturamento das indústrias de biscoitos foi de R$ 7 bilhões em 2012, crescimento de 3,2% na comparação com o ano anterior, segundo dados da Anib obtidos pela reportagem. Já o volume aumentou 2,5% no período.
"A tendência é que, gradativamente, os produtos mais elaborados passem a ser mais representativos no mercado de biscoitos do Brasil", diz Paulo Renato Menita, diretor industrial da Marilan.
Além da demanda crescente por produtos mais elaborados, a empresa vê aumento na procura de embalagens com porções individuais.
INVESTIMENTOS
A Piraquê vai começar a produzir cookies na sua segunda fábrica, que será construída com um investimento de R$ 250 milhões no distrito industrial da Codin (Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro), em Queimados (RJ).
Foi fechada uma parceria para implantação da unidade nova no Estado. "Diante do compromisso de manter a receita na fábrica antiga, a Piraquê receberá benefícios fiscais na nova fábrica", afirma a presidente da Codin, Conceição Ribeiro.
A previsão é que a produção tenha início no primeiro semestre de 2015. "Vamos introduzir na nossa linha de produtos os cookies, que precisam de técnicas mais elaboradas para serem feitos", afirma Alberto Régis Távora, diretor financeiro da Piraquê.
Com a construção e a aposta de crescimento do setor nos próximos anos, a Piraquê pretende aumentar em 60% a capacidade de produção.
A empresa está fazendo um novo centro de distribuição no Estado, com investimento de R$ 50 milhões.
EXPANSÃO
A PepsiCo Brasil também tem investido no segmento "premium". No ano passado, começou a produzir cookies após uma expansão na fábrica de Sorocaba (SP). Antes, a produção era terceirizada.
Em dezembro, lançou um novo produto da categoria: os cookies com gotas de chocolate da marca Toddy.
"Acreditamos que com os recentes lançamentos e produtos inovadores temos um cenário bastante positivo", disse Daniel Assef, diretor de marketing da PepsiCo Brasil. A empresa ampliou ainda o portfólio da linha saudável.
Veículo: Folha de S.Paulo