Marcas adaptam produtos a fãs da faxina

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Para a maioria das pessoas, limpeza doméstica não é exatamente uma diversão. Por isso, existem os "faxineiros radicais": pessoas, como diz a General Electric (GE), que esfregam com tanta força que são capazes de tirar a tinta do fogão.

Os fabricantes de produtos de consumo dos Estados Unidos estão fortalecendo as fórmulas de sabão, adicionando cerdas às escovas e reforçando o cabo das vassouras para que resistam ao ímpeto dos consumidores.

Como resultado, limpar a casa nunca foi tão fácil. Os avanços tecnológicos nas fórmulas e utensílios tornaram possível vencer a maior parte da sujeira doméstica com um golpe de mão. À medida que as pessoas de todo o país gastam menos tempo com limpeza, os faxineiros dedicados tornam-se mais exigentes - e as iniciativas para satisfazê-los estão mudando os produtos para todo mundo.

A fabricante de produtos de limpeza Method Products diz que tenta agradar os consumidores que chama de "faxineiros pesos-pesados" porque, se puderem conquistar esse grupo, então será mais fácil conquistar as pessoas que pegam mais leve na vassoura - ou seja, a maioria dos americanos.

"É como se você estivesse criando uma roupa de corrida e testando-a em triatletas", diz Don Frey, vice-presidente da Method para desenvolvimento de produtos. "O corredor casual também vai se beneficiar."

A S.C. Johnson chama esses consumidores influentes de "faxineiros de plantão" e diz que eles representam cerca de 21% do mercado. Eles fazem limpeza numa média de 18 vezes por semana num total de cinco horas, afirma a empresa. "Eles realmente gostam do processo," diz Beth Simermeyer, vice-presidente da unidade de limpeza doméstica da S.C. Johnson na América do Norte. "É uma catarse."

Um número um pouco maior de consumidores, 24%, é de faxineiros "rápidos e convenientes", que passam cerca de 4,5 horas por semana limpando, diz Simermeyer. O grupo dos faxineiros "tranquilos", 19% dos consumidores, encontra prazer na limpeza, mas são menos sistemáticos que os de plantão, gastando perto de 4 horas e 18 minutos semanais com limpeza. Já os "faxineiros ocupados", ou 15% dos consumidores, dedicam três horas por semana às limpezas "de oportunidade" - suficientes para deixar a casa com um bom aspecto -, mas não gostam da tarefa. Finalmente, os restantes 21% são os "fugitivos da faxina": eles "realmente não querem fazer limpeza" e gastam só cerca de 2,5 horas por semana com isso, diz Simermeyer.

A S.C. Johnson criou a "tecnologia do poder das cores" para a sua marca de desinfetantes Scrubbing Bubbles. A espuma muda de azul para branco ao dissolver a sujeira, indicando o melhor momento para esfregar ou simplesmente passar um pano. A empresa espera que a mudança de cor atraia os consumidores mais entusiasmados da mesma forma que mais faxineiros ocasionais.

A Shark, uma unidade da Euro-Pro Operating LLC, reformulou o design do seu aparelho eletrônico para limpeza de pisos Sonic Duo, cujo lançamento está previsto para abril, depois que testes revelaram o vigor com que algumas pessoas o usam.

James Braithwaite, vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento da Euro-Pro, diz que a Shark teve que reforçar a cabeça do aparelho, que suporta as almofadas de limpeza, para que resistam à força que os consumidores põem na peça. "Isso foi uma surpresa", diz Braithwaite. "Pensamos que a questão é que eles não precisavam fazer isso". Ele e sua equipe de engenheiros também fizeram um motor mais duradouro e almofadas de limpeza mais longas para que os usuários pudessem vê-las esfregar para frente e para trás mil vezes por minuto, como prometido.

Muitos faxineiros extremamente entusiasmados dizem que eles veem o esfregão como uma forma de liberar o estresse e se sentem gratificados com o resultado da limpeza. Para eles, a limpeza é um calmante. "A vida pode até estar fora de controle, mas limpar é uma maneira de estar no controle", diz a aposentada Phyllis Colaizy, de 63 anos, acrescentando que ela não considera o chão limpo enquanto não se ajoelha para esfregá-lo.

"Quando acaba, está brilhando e isso para mim é tão bom quanto um chocolate", diz Colaizy, uma ex-ativista dos direitos da mulher que mora em Minnesota.

Em torno de 30% dos consumidores americanos se ajoelham para esfregar o chão, diz a Procter & Gamble, cujo espanador Swiffer ganhou almofadas de limpeza "Extra Power" em agosto passado, com mais de 200 "microesfregadores", numa tentativa de reproduzir os resultados de esfregar de joelhos, diz Corey Schmidt, chefe da seção de pesquisa e desenvolvimento da linha Swiffer.

Os projetistas da Dyson submetem os aspiradores de pó da empresa a elaborados testes de impacto, que incluem batê-los em paredes e pés de mesas umas 21 mil vezes, à taxa de 30 impactos por minuto.

"Pessoas que você não esperaria que pusessem muita força nos aparelhos na verdade podem até quebrá-los", diz Robert Green, um engenheiro de design da Dyson. Ele diz ser essa a faceta mais comovente do seu trabalho de designer. "Existe este aspecto psicológico de que se você não usar a força, então você não está limpando como devia", diz ele.

A Whirlpool e a General Electric verificam a durabilidade das pinturas dos seus eletrodomésticos com testes em que eles são esfregados milhares de vezes.

"Se as pessoas entendessem como é fácil limpar a superfície, elas não usariam tanta força", afirma Richard Gresens, diretor de design da Whirlpool para a América do Norte.

A P&G está tentando convencer os consumidores que com o seu detergente Cascade Platinum, desenvolvido para máquinas lava-louças, não é necessário lavar os utensílios antes. Aproximadamente 75% dos americanos lavam primeiro a louça antes de colocá-la na máquina, segundo pesquisas da multinacional. Anúncios mostram uma máquina cheia de pratos com comida grudada a eles. As novas embalagens orientam os consumidores a não molhar a louça primeiro. "Sabemos que é uma mudança de hábito", afirma Jon Powell, chefe da área de pesquisa e desenvolvimento da Cascade.



Veículo: Valor Econômico


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