Recuperação da demanda do setor anima cadeia produtiva e incrementa as vendas do primeiro trimestre em até 15%
Os fabricantes e o comércio de embalagens, cimento, componentes eletroeletrônicos e de material de construção, termômetros importantes da atividade econômica por atenderem diversos setores da indústria de transformação, começaram a sentir, neste mês, a recuperação do ritmo de produção das fábricas. Em Minas Gerais, os fornecedores de papel e papelão, incluindo a indústria da celulose, estimam crescimento de 15% das vendas no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto as cimenteiras registraram aumento da comercialização no mercado interno de 1,8% em janeiro e fevereiro, frente a idêntico bimestre de 2012, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento.
Com maior lentidão, a Associação do Comércio de Materiais de Construção de Minas Gerais (Acomac) observou sinais de aquecimento da demanda das indústrias na semana passada, que poderão resultar em elevação média de vendas de 7% no fechamento deste mês, comparadas a fevereiro. Os dados mais recentes sobre o comportamento da indústria de Minas indicaram expansão do faturamento de nove dos 16 segmentos do setor em janeiro. A receita cresceu 5,33% na comparação com dezembro, melhor resultado nessa análise desde a crise financeira mundial, em 2008, segundo a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg).
A bola de cristal da indústria de celulose, papel e papelão foi quebrada, mas o setor já entende que a reação das vendas configura tendência, informa o presidente do sindicato patronal (Sinpapel), Antônio Eduardo Baggio. “Acredito que o Brasil vai navegar em ondas mais positivas nos próximos 24 meses, mas o país está entulhado de problemas que barram os investimentos, como a tributação complexa e excessiva e os marcos regulatórios frágeis”, afirma o industrial. Outra boa notícia é a manutenção, há seis meses, do nível do emprego na atividade, de 10,2 mil trabalhadores em 372 indústrias no estado.
Maior rede varejista de material elétrico e eletrônico no Brasil, a Loja Elétrica observou o retorno às compras de grandes indústrias, reação que as pequenas e médias empresas do setor já haviam iniciado, informa o diretor-geral da rede, João Flávio de Matos. Essa clientela responde por cerca de um quarto das vendas. Outra fatia significativa dos negócios, que gira entre 20% e 30%, é o atendimento às construtoras, com demanda ativa. “As grandes empresas começaram a comprar para reformas e pequenas ampliações, sinal de que o cenário melhorou. No ano passado, elas haviam colocado o pé no freio dos gastos”, afirma.
Com uma carteira diversificada de clientes, a Loja Elétrica registrou vendas 15% melhores de janeiro a março, em comparação ao primeiro trimestre de 2012. Matos diz que a demanda da indústria, observada de perto por cinco lojas dedicadas, as chamadas lojas in company – instaladas dentro de fábricas na Grande Belo Horizonte e interior do estado –, havia atingido o ponto crítico em dezembro. Apostando no crescimento de 15% neste ano, a Loja Elétrica, que conta com 14 lojas na Região Metropolitana de BH, em Ipatinga, no Vale do Aço, e Uberlândia, no Triângulo, está investindo num grande centro de distribuição na capital, orçado em R$ 60 milhões, e avalia novo ponto de vendas no entorno de BH.
O presidente da Acomac, Rui Fidelis Júnior, afirma que a reação das vendas do comércio de materiais de construção começou pelo cimento, areia, aço e tijolo e deve alcançar em abril os segmentos de acabamento (material hidráulico, PVC e tintas).
Veículo: Estado de Minas