Inserir o feijão-carioca nas refeições do dia a dia está custando cada vez mais para o consumidor do Grande ABC. Desde dezembro, o quilo do grão aumentou 29,9%, passando de R$ 3,78 para R$ 4,91, em média, nesta semana - diferença de R$ 1,13 no bolso. O preço atual é o maior em 12 meses. O levantamento é feito com base nos dados da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André).
De acordo com o diretor da Bolsa de Cereais de São Paulo Rui Roberto Russomano, a tendência é que o valor suba ainda mais. "Pelos próximos dias o consumidor continuará a sentir no bolso a alta do feijão", cita.
Ele explica que o fato de o produto ser uma leguminosa, acaba deixando-o sujeito ao clima. "As chuvas em excesso no início do ano prejudicaram o plantio e a colheita. Ao ficar muito úmido, o feijão fica escuro e começa a formar carunchos, isso deprecia o produto, restando poucos de boa qualidade no mercado. É a lei da oferta e da procura. Os preços vão lá em cima", contextualiza o especialista.
Ele complementa ainda que, entre o cultivo e sua colheita o prazo é de 90 dias, aproximadamente. "Ou seja, o processo é muito rápido. Não tem como os produtores estocarem o item por muito tempo. Já imaginou quando chove e isso prejudica, além do plantio, o transporte do grão?", questiona.
A boa notícia é que com a valorização do alimento, muitos produtores cultivarão o item em maior escala. "Para os próximos meses, e com a freada na quantidade de chuva, quem sabe o preço não cai", estima Russomano.
CESTA BÁSICA
Nesta semana, o conjunto formado por 34 itens de primeira necessidade - sempre presente nos carrinhos dos consumidores da região - ficou mais barato, passando de R$ 435,89 para R$ 434,20 (queda de 0,39%). Isso significa que o cliente irá economizar R$ 1,69 na compra do mês.
A carne bovina ganha destaque. Os cortes traseiros (como patinho, alcatra, picanha, coxão mole e filé mignon) apresentaram queda de 6,75%, sendo vendidos por R$ 14,79, o quilo. Segundo o engenheiro agrônomo da Craisa, Fábio Vezzá De Benedetto, a diminuição no valor da carne está atrelada ao baixo consumo durante a Quaresma. "Muitas pessoas religiosas não consomem carne vermelha antes da Páscoa. Como o consumo cai, os preços também ficam menores", avalia.
Aqueles que preferem a carne branca também irão gastar menos. O quilo do frango resfriado teve redução de 2,94% nesta semana, e é comercializado a R$ 5,29, em média.
Com a proximidade da Páscoa e o aumento desses itens para pratos típicos, como a bacalhoada, o valor pago pelo quilo da batata e do tomate aumentou 16,41% e 11,73%, sendo comercializados a R$ 3,83 e R$ 6,67, respectivamente.
Veículo: Diário do Grande ABC