Assembleia da BRF ainda tem espaço para surpresas

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Há espaço para emoções de última hora na assembleia da gigante de alimentos BRF na qual ocorrerá a votação para condução do empresário Abilio Diniz à presidência do conselho de administração. O encontro está marcado para 9 de abril, na sede da empresa, em Itajaí, Santa Catarina.

O espaço para surpresa vem da forma como serão apresentados os votos no encontro. A eleição da composição do novo conselho e a indicação de Abilio à presidência e de Sérgio Rosa para vice-presidente são temas distintos.

Primeiramente, os acionistas votarão na chapa com 11 membros indicada pelo conselho atual. Depois, como um outro tema, dirão se concordam ou não que Abilio seja o líder do colegiado.

É assim também que o assunto foi encaminhado nas procurações que os estrangeiros vão usar para votar. As procurações funcionam como uma espécie de cédula, na qual podem ir a favor, contra ou se abster das propostas feitas pela administração - todas elas.

Esse modelo - isolar a eleição do presidente - abre espaço para que na assembleia, qualquer acionista, a despeito de ser a favor de Abilio no conselho, seja contra a sua indicação para a presidência. Nesse cenário, ele estaria no conselho, mas não na sua liderança.

É possível, por exemplo, que uma outra dupla de participantes da chapa apresentada seja sugerida para ocupar presidência e vice-presidência - como, por exemplo, os nomes de Sérgio Rosa e Décio da Silva, respectivamente. Essa sugestão não demanda nenhum pedido prévio, como outras alternativas. Uma chapa concorrente, por exemplo, necessita de apresentação com 5 dias úteis de antecedência. Um pedido de voto múltiplo deve ser solicitado 48 h antes do encontro.

O nome de Abilio para composição do conselho da BRF teve apoio unânime do atual conselho da BRF. Mas sua indicação para liderar o grupo não teve aprovação nem da Petros (fundo de pensão dos funcionários da Petrobras) e nem de Décio da Silva, da família fundadora da Weg, com vínculo histórico ao negócio. Porém, conforme o Valor apurou, tudo indica que a Petros não será contra Abilio.

Essa divisão dos temas pela BRF está apoiada no seu estatuto social, que determina que a escolha do presidente do conselho e do vice sejam da assembleia.

Apesar de a sugestão da administração normalmente ser franca favorita numa assembleia, o caso de BRF tem uma matemática delicada. Apesar de ser uma empresa de capital pulverizado na BM&FBovespa, avaliada em pouco menos de R$ 38 bilhões, a participação nas assembleias costuma ser elevada - da ordem de 75%.

Os acionistas que lideraram a indicação de Abilio, Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil) e a gestora Tarpon detêm 20% do capital da BRF. Mais os votos de Abilio, alcançam 25% do capital ou 1/3 da média histórica das assembleias.

Contudo, a Petros, recentemente, passou a Previ e já possui mais de 12%. Décio da Silva tem cerca de 1,5% e há grupos de investidores relevantes com 3% e 4% que podem surpreender em seus votos.

Além disso, os estrangeiros, que têm 31% do capital, costumam ser conservadores em seus votos e evitam se posicionar em temas polêmicos. A discussão sobre se há ou não conflito de interesses no fato de Abilio acumular a presidência do conselho do Grupo Pão de Açúcar (GPA), maior distribuidor nacional dos produtos da BRF, pode levar a votos contra seu nome ou a abstenções. Qualquer uma das possibilidades pesaria a favor de uma dupla alternativa.

Veículo: Valor Econômico


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