Proteína é a palavra que ajuda a atrair o consumidor

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Quando a General Mills quis introduzir duas novas barras de cereais na sua linha de lanches, ela escolheu a mesma palavra para promover as vendas: proteína.



A proteína é a palavra em voga que ajuda a vender muitos tipos de alimentos. As empresas do setor colocam rótulos com mais destaque nas embalagens e adicionam proteína a produtos como bebidas, barras e cereais. "É uma daquelas raras coisas que têm muitos significados diferentes para muitas pessoas diferentes e todos eles são positivos", diz Barry Calpino, vice-presidente de inovação da Kraft Foods.

As mães acreditam que um alimento com proteína dá aos filhos energia antes da prática do futebol e também a ajuda a perder peso ao fazer com que se sinta satisfeita, segundo pesquisas de fabricantes de alimentos como Kraft, Kellogg e General Mills. Um funcionário de escritório considera um salgadinho "energizante" melhor do que um doce no meio da tarde. Um frequentador de academia o vê como uma forma de ganhar músculos. Todos acham a proteína saudável.

Um rótulo com a palavra proteína tem um efeito que os pesquisadores chamam de "auréola da saúde" e vai além da simples promessa da proteína. Quando as pessoas veem a palavra, elas também acreditam que o produto irá fazer com que se sintam mais alimentadas ou dar a elas energia.

Os americanos precisam de mais proteína nas suas dietas? Organizações de saúde, inclusive o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, dizem que, na média, os americanos amantes de carne na verdade consomem mais proteína do que o necessário, o que aumenta a ingestão calórica diária. (As diretrizes do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos recomendam que um adulto médio consuma entre 10% e 35% das calorias por meio de proteínas.)

As tendências dos rótulos mudaram rapidamente, perseguindo as últimas novidades de saúde. Em 2010, muitos consumidores estavam sendo cortejados por rótulos que afirmavam que eles eram livres de xarope de milho rico em frutose, segundo dados da Nielsen. Agora, está aumentando a quantidade de produtos classificados como livres de glúten, de hormônio e de ingredientes geneticamente modificados.

Mas as empresas veem a farra da proteína como parte de uma tendência maior de consumidores que levam cada vez mais em conta a sua saúde ao escolher seus alimentos. No início deste ano, a Kraft lançou a mistura Planters Nutrition Sustaining Energy, cujas caixas destacam que cada porção tem 10 gramas de proteína. A companhia também está considerando divulgar a proteína na frente das embalagens dos seus queijos e outros produtos enriquecidos com o composto.

Quando as pessoas comem alimentos que prometem ser boa fonte de grãos integrais, fibra ou proteína, "isso faz você se sentir inteligente como consumidor, que você fez algo bom para você mesmo", diz Doug VanDeVelde, vice-presidente de marketing e inovação de alimentos na Kellogg. Nos próximos meses, a companhia planeja lançar a bebida "Breakfast to Go". Vai dizer na embalagem que consumir 10 gramas de proteína ou 5 gramas de fibra é "agora tão simples como girar uma tampa".

Nas últimas décadas, o consumidor respondeu a mensagens como "baixa gordura", "pouco açúcar" e "sem colesterol". Agora, mais da metade dos consumidores procuram por mais proteína e fibra para o café da manhã, diz VanDeVelde.

Um produto com a palavra proteína no nome não precisa ter uma quantidade mínima de nutrientes, mas todas as descrições das embalagens dos alimentos devem ser verdadeiras, segundo a agência reguladora do setor, a Food and Drug Administration (FDA). Se o rótulo diz "boa fonte de proteína", então a FDA determina que o produto tenha ao menos cinco gramas de proteína por porção.

Os consumidores frequentemente reagem aos rótulos de formas não muito lógicas. Diante de um rótulo que classifica o produto como orgânico, os consumidores dão a ele outros atributos, menos calorias ou mais valor nutritivo, diz Brian Wansink, professor de comportamento do consumidor e diretor do Laboratório de Alimentos e Marcas da Cornell University, no Estado de Nova York.

A Dole Food, maior empresa de frutas e vegetais frescos dos EUA, promoveu por dois anos um estudo para descobrir quais referências à saúde nas embalagens mais agradam aos consumidores. As pessoas querem saber mais do que simplesmente quais vitaminas estão presentes no produto. "É algo como 'que bem isso faz para mim?'", diz Chris Mayhew, vice-presidente de marketing da Dole Fresh Vegetables. No ano passado, a embalagem do couve-flor da Dole passou a conter informações como "vitamina C, que ajuda e retardar o efeito do envelhecimento" junto com sugestões culinárias. Outras grandes preocupações são pele e sistema imunológico saudável, clareza mental, saúde do coração, altos níveis de energia e ossos fortes, afirma a Dole.



Veículo: Valor Econômico


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