Shopping popular é oportunidade para lojistas iniciantes

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Os shopping centers populares, com foco na classe C, se tornaram alternativa de investimento para os pequenos e médios empresários. Especialmente o conceito de lojas modulares tem permitido que muitos empreendedores adquiram, pela primeira vez, pontos de venda dentro de um shopping. "O lojista tem a possibilidade de operar com custo menor", afirma Luiz Alberto Marinho, sócio diretor da GS&BW, unidade da consultoria GS&MD -Gouvêa de Souza, especializada em shopping centers. As lojas são compactas e não têm forro no teto, o que permite o aproveitamento da iluminação e do ar condicionado da área comum do shopping. Como a parte estrutural vem pronta, incluindo as vitrines, demandam capital inicial menor do que o de lojas tradicionais.

Mas não basta apenas possuir os recursos iniciais para a realização do sonho. O sucesso do negócio exige uma série de precauções. O primeiro passo é fazer os cálculos de quanto o custo de ocupação do shopping - a soma do condomínio, aluguel e ações de marketing -, vai representar no faturamento. "Se esse custo passar de 10%, o lojista começará a ficar apertado. Se superar 15%, haverá dificuldade de operar no azul", diz Marinho. O aluguel costuma ser cobrado por metro quadrado e, em alguns casos, existe um gatilho sobre o percentual das vendas efetuadas.

De acordo com o consultor, é importante nunca subestimar o consumidor da classe C porque ele exige marca e qualidade. Assim, a opção por uma franquia pode ser uma boa solução. "Se o comerciante não tem marca estabelecida, precisará construir uma." Marinho lembra que o consumidor popular também é mais sensível aos preços e realiza pesquisas. "Ele vai sempre barganhar. Descontos, brindes ou serviços gratuitos agregados são atrativos", diz. Outro cuidado: o nível de exigência dos clientes dentro de um shopping é maior. Desta forma, é fundamental manter a loja sempre organizada e capacitar os funcionários para prestar atendimento.

O capital de giro é essencial em qualquer negócio. Os novos lojistas de shopping não podem se iludir sobre a rápida amortização do investimento. "Uma loja nova em shopping leva um tempo para entrar no repertório dos clientes. No Brasil, a cada visita a shopping, os consumidores costumam entrar em apenas três ou quatro lojas. Isso mostra que os primeiros resultados podem demorar mais do que os empreendedores gostariam", enfatiza Marinho

Os primeiros shopping centers populares foram erguidos em capitais do Sul e Sudeste e, agora, chegam à cidades menores, com 150 mil a 200 mil habitantes, como consequência do movimento de ascensão social da população.. Segundo Marinho, o setor ainda está fazendo experiências para acolher esse público.

A REP Centros Comerciais, empreendedora do Mais Shopping, no Largo Treze, região de Santo Amaro, em São Paulo, adota como estratégia a orientação para auxiliar os novos empresários a estruturarem seus negócios. "Esse formato modular consiste em uma oportunidade para empreendedores menores. Mas isso não é sem risco", diz o CFO Daniel Caldeira. A REP oferece aos lojistas do Mais Shopping atividades de qualificação e treinamento em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e coloca à disposição um serviço de arquitetura para ajudar na montagem das vitrines e provadores. "O foco é no lojista despreparado porque, nas franquias, os empreendedores costumam ser selecionados e capacitados pelas redes", comenta Caldeira.

Com pouco mais de dois anos de funcionamento, o Mais Shopping recebe cerca de 1,2 milhão de pessoas por mês. Boa parte desse público são usuários de transporte público. A estação Largo Treze do metrô é integrada ao shopping e há um terminal de ônibus próximo. Os pequenos lojistas compartilham o espaço do shopping com grandes redes do varejo como Magazine Luiza, Marisa e Americanas. O investimento médio para adquirir uma loja modular é de R$ 25 mil e o custo total de ocupação varia de R$ 250 a R$ 350 por metro quadrado. As lojas modulares são de 12 ou 17 m2, mas há empreendedores que compram mais de uma, formando estabelecimentos maiores.



Veículo: Valor Econômico


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