Um aumento do preço mínimo do café deverá ser definido na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), provavelmente no fim deste mês, segundo Edilson Alcântara, diretor do Departamento de Café do Ministério da Agricultura.
A expectativa era de que a medida fosse aprovada pelo órgão na semana passada, mas o CMN autorizou apenas a reprogramação das operações de crédito rural para estocagem contratadas no período de 1º de janeiro de 2012 a 28 de março de 2013.
Reivindicada pelo setor produtivo, a correção do preço mínimo é uma condição necessária para que o governo possa colocar em prática alguns instrumentos de política agrícola, como a realização de leilões de compra ou o pagamento de subsídios. Os atuais preços de mercado, embora baixos e não remuneradores na maioria dos casos, ainda estão acima dos mínimos determinados pelo governo para colocar essas políticas em prática.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o preço mínimo do café arábica deveria ser elevado dos atuais R$ 261,69 para aproximadamente R$ 340 por saca. O valor mínimo do café robusta deveria passar para R$ 180, ante os atuais R$ 156,57 a saca.
Alcântara afirma que os ministérios da Agricultura e Fazenda estão discutindo os novos preços mínimos e que o CMN deverá colocar o tema em pauta na próxima reunião, no fim de abril. A assessoria do CMN informou, porém, que a data ainda não foi definida. De acordo com Alcântara, a discussão do preço mínimo ficou muito "em cima da hora" para a reunião da quinta-feira passada. "Mas o preço mínimo está na pauta do novo ministro da Agricultura [Antônio Andrade] ", diz.
Ainda conforme Alcântara, caso fosse aprovado na semana passada, o novo preço mínimo somente valeria para a próxima safra (2013/14), que começa a ser colhida em maio.
Os agentes de mercado aguardavam um cenário mais claro para negociar café no mercado físico na semana passada, afirma Eduardo Carvalhaes, sócio-diretor do Escritório Carvalhaes, de Santos (SP). Os negócios ficaram mais aquecidos ontem, mas o mercado continua aguardando alguma intervenção do governo, segundo Gil Barabach, analista da Safras & Mercado. "O governo deu fôlego para o produtor em termos de dívida, mas isso não mexeu com o mercado". Até o fim de fevereiro, estima a consultoria, 71% da safra 2012/13 havia sido vendida, ante 86% em igual período da temporada passada.
Veículo: Valor Econômico