Não é exclusividade dos consumidores da região o encarecimento do tomate. Segundo o Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), o preço do fruto em todo o País subiu 11,62% em março e, no trimestre, acumula inflação de 70%.
"Está muito caro", criticou a dona de casa Conceni dos Santos. Moradora de Diadema, ela disse que chegou a pagar R$ 1,50 pelo quilo do produto, em 2012. "Acabei de sair do mercado e está impossível, R$ 9", garantiu. "Meu marido não faz as refeições sem uma saladinha. Então, a solução é comprar dois tomates, um para o almoço e outro para a janta", explicou a dona de casa.
A inflação do tomate está listada no IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor - Semanal) do Ibre-FGV. O indicador subiu 0,72% em março. Boa parte dessa alta foi estimulada pelo fruto, que empurrou o grupo alimentação para expansão média de preços de 1,31%. A cebola também entrou no pacote, com inflação de 25%.
Para o coordenador da pesquisa do IPC-S, Paulo Pichetti, dois fatores contribuem para o aumento intenso dos preços do tomate. O primeiro, que também está atribuído ao grupo de hortifrúti em geral, é o clima. "O produto é sensível aos extremos climáticos", disse o especialista.
O segundo ponto é o aumento constante da demanda pelo produto nos últimos anos. "Mas a oferta não acompanhou essa elevação", esclareceu Pichetti.
Ele destacou ainda que é nítido que o tomate saiu da tendência do grupo hortifrúti de encarecimentos sazonais e recuos após a fase ruim na produção. "Temos visto que as quedas de preços não têm compensado os ganhos nos últimos anos." E os preços passaram a se manter em patamares mais elevados.
PREÇOS - Formaram a inflação de março de 0,72%, além da alimentação, os grupos habitação (0,74%), vestuário (0,81%), saúde e cuidados pessoais (0,51%), educação (0,24%), transportes (0,34%), despesas diversas (0,18%) e comunicação (0,45%).
Pichetti pontuou que o aumento da gasolina e a redução da tarifa de energia elétrica, determinados no início do ano, não influenciarão mais a inflação para as famílias. Mas foram ativos nos resultados até agora. "A gasolina adicionou 0,15 ponto percentual e a queda no preço da energia gerou impacto negativo de 0,54% ponto na inflação de 2,07% acumulada no ano." O especialista observou ainda que serão necessárias algumas semanas para identificar o impacto da desoneração dos itens da cesta básica na inflação. Sua perspectiva é de desaceleração do IPC-S, em abril, para próximo de 0,50%.
Porém, para o auxiliar de produção Moab Pereira da Silva, de Diadema, o limite já estourou. "Tudo está subindo. Arroz, feijão, café, óleo. Até minha esposa está procurando emprego para ajudar lá em casa." (Pedro Souza)
Veículo: Diário do Grande ABC