O preço do tomate começa a dar uma trégua ao consumidor. O produto, que chegou a custar R$ 15 o quilo em sacolões da região, já está com valores mais amenos em feiras livres do Grande ABC, onde foi possível encontrar ontem o alimento por até R$ 3.
Isso ocorre por causa da redução verificada no item comprado no atacado. Segunda e terça-feira, o varejista comprava o alimento por R$ 65 a caixa de 22 quilos. No período que antecedeu a Páscoa, chegou a R$ 108,75, ou seja, diminuição de 40%, aponta pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz). No atacado da Craisa é possível encontrar a caixa com 20 quilos por R$ 60. Apesar de maioria dos compradores serem no atacado, há venda também em pequena quantidade.
O pesquisador da Cepea João Paulo Deleo afirma que houve redução na área plantada, neste ano, o que levou a encarecimento exagerado e, agora, muita gente está substituindo o produto por outras hortaliças, o que leva à redução. Para o engenheiro agrônomo Fábio Vezzá De Benedetto da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), a tendência até o fim do mês é que o preço do alimento in natura siga em queda. Segundo ele, o valor do fruto só chegou a R$ 10 na região (em pesquisa semanal anterior) porque restaurantes, hotéis e pizzarias, por exemplo, não têm como frear o consumo. "Se todos nós ‘boicotássemos' o tomate, com certeza, já tinha baixado." Quem abastece a região são produtores do interior paulista, como Sumaré e Guapiara.
"Como as plantações estão cada vez mais afastadas dos grandes centros, o transporte encarece o produto." Estudo da Cepea mostra que a produção no Estado tem diminuído pela falta de mão de obra e de áreas disponíveis.
No Grande ABC, apesar de haver muitas hortas comunitárias em áreas urbanas não foram encontrados produtores de tomate. Nesses locais, os agricultores só fazem plantações orgânicas, sem o uso de defensivos. "Até tentamos produzir tomates, mas não deu certo", disse João Sobrinho de Lima, 54 anos, que planta hortaliças em Santo André.
Há 26 anos, Adelino Alberto Careca vende hortifrúti no mercado atacadista da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André). Ele diz nunca ter visto o quilo do tomate ter valor tão elevado. "Os produtores mantiveram a alta do preço sazonal da Páscoa. Isso nunca aconteceu." Careca considera que a elevação vai muito além do clima. "No Ceagesp, por exemplo, há dois grandes produtores. Se um sobe o preço o outro também sobe. E as pessoas não deixam de comprar."
Nas feiras livres da região o valor pago ontem pelo quilo do tomate mais caro era de R$ 5, algumas barracas comercializavam por R$ 4 e até R$ 3 (do tipo Débora). "Não deixo de comer tomate. Mesmo com valor elevado é importante para minha saúde", disse o pintor José Betito, 72. A comerciante Laurinda Pine, 52, também levava o fruto para casa. "Enquanto posso comprar, não abro mão."
Veículo: Diário do Grande ABC