O Brasil já comprou mais de 300 mil toneladas de trigo dos Estados Unidos em 2013, volume seis vezes maior do que o registrado em todo o ano passado, beneficiado por uma recente redução de tarifa para importações fora do Mercosul, segundo dados dos governos do Brasil e dos EUA. Mas o prazo dado pelo governo brasileiro para as indústrias importarem toda a cota livre de taxa, de 2 milhões de toneladas, é exíguo, disseram integrantes do mercado nacional.
Preocupado com a inflação e diante de uma quebra de safra de trigo no Brasil e nos países vizinhos que elevou os preços, o governo brasileiro elevou a cota de importação do cereal de fora do Mercosul de 1 milhão de toneladas para 2 milhões de toneladas, mas manteve o prazo para a validade das compras sem tarifa até o final de julho.
"Não dará tempo para exercer os 2 milhões, [o prazo] teria que ser até meados de setembro, e não julho", disse o empresário Lawrence Pih, presidente do Moinho Pacífico, um dos maiores do país.
Isso significa que as expectativas de uma demanda brasileira maior pelo cereal dos EUA - que deve dominar a cota - pode não ser toda cumprida, o que minimizaria os efeitos de maiores compras do Brasil sobre os preços internacionais.
Desde de que o governo anunciou a cota inicial, em fevereiro, as indústrias teriam comprado não mais do que 500 mil toneladas fora do Mercosul, estimou Pih, que também atua como conselheiro da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e na Abitrigo, a entidade dos moinhos nacionais.
Cerca de 80% do trigo comprado fora do Mercosul, que está começando a chegar aos portos brasileiros, deve ser norte-americano, e o restante será canadense, prevê o industrial.
O empresário citou como principal fator para as empresas não conseguirem cumprir a cota a questão da disponibilidade de fluxo de caixa para as importações, diante das margens mais apertadas da indústria, além de problemas logísticos e de armazenagem.
Corrida contra o tempo
Uma vez que grande parte do trigo a ser comprado fora do Mercosul, dentro da cota livre de tarifa, virá dos EUA, os moinhos brasileiros terão que correr contra o tempo, pois leva 45 dias para o produto norte-americano chegar ao Brasil, além de outros dez dias para o cereal ser desembaraçado no porto.
Uma saída para aproveitamento total da cota, comentou Pih, seria ampliar o prazo de sua validade, mas essa é uma medida que, segundo ele, o governo não tomará, para não prejudicar os produtores brasileiros, que estão ampliando a área plantada em 2013 na expectativa de obterem bons preços pelo seu produto na colheita, que ganha força em agosto.
Veículo: DCI