O setor de shopping center (malls) passa por mudanças gradativas, e importantes. A segmentação da operação, que antes envolvia grandes espaços, passa a ser mais presente e tem atraído lojistas e administradores em todo o País. Hoje, 13% dos centros de compras do País já são empreendimentos segmentados, como os shoppings temáticos e os de descontos (outlets). Já pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Shopping Center (Abrasce), apontou que em 2011, 90% dos mais de 400 shoppings em operação tinham o formato tradicional, com lojas-âncoras e satélites, enquanto apenas 10% se enquadravam em operações segmentadas ou temáticos (carros e decoração, por exemplo) e outlets.
E a tendência é de que o percentual venha a ter novos investidores ao longo dos próximos anos. De acordo com Luis Fernando Pinto Veiga, presidente da Abrasce, é possível dizer que chegou o momento em que as diferentes operações passam a conviver em harmonia, pois há espaço para todos os perfis de empreendimentos no País. Só em outlets são esperadas 29 novas operações nos próximos sete anos. "O shoppingoutlet vai começar a conviver com o shopping tradicional. Com uma economia estável, em que o valor do dinheiro passa a ser real, esse movimento [dos outlets] tende a crescer", disse o executivo anteriormente, ao divulgar resultados dos malls em 2012.
Ainda segundo Veiga, o modelo de um shopping de desconto não tinha tanta força anteriormente, pois o consumidor conseguia a mesma porcentagem nas lojas de um empreendimento. "Você sabe que ir para o outlet e ter um desconto de 30% é um bom negócio. No passado isso não valia nada, você ia a uma loja e conseguia esse desconto numa compra normal", enfatizou ele.
Para Adriana Colloca, superintendente da Abrasce, esse crescimento é oriundo da exigência dos consumidores por formatos que melhor atendem suas necessidades. "Eles começam a surgir, pois a população começa a exigir esses espaços mais específicos", disse ela. Ainda com a experiência da executiva, mesmo em expansão, esses empreendimentos mais específicos ainda demandam maior estruturação.
"No Brasil ainda estamos um pouco distantes do conceito visto nos Estados Unidos, mas temos tudo para crescer", completou. Outro modelo de negócio que também tem sido bem visto pelas empresas incorporadoras e administradoras de shoppings são os temáticos ou segmentados. Players como o Shopping Interlar e Auto Shopping, ambos pertencentes ao complexo Aricanduva, chamam a atenção do consumidor por reunir as melhores marcas de decoração e automóveis em um mesmo local.
"Eles ainda são poucos, mas atraem a atenção dos consumidores", disse Adriana ao DCI.
Sobre o conceito estilo de vida (lifstyle) empregado em muitos shoppings, a executiva afirmou que ele é diferente do que é visto no exterior e se diferencia-se dos demais devido a arquitetura dos empreendimentos e no mix de lojas. "Eles são construídos utilizando muita luz natural, com corredores que se parecem alamedas", disse. Outro destaque é por conta das lojas existentes, os shoppings com esse conceito prezam mais por operações de alimentação e lazer. "Eles têm foco maior nessas duas operações", como enfatizou a superintendente. Quem confirmou a informação de que lazer e alimentação ganham mais a atenção nos shoppings ultimamente foi Felipe Fulcher, sócio-presidente da 5R Shopping. O executivo, enfatizou em entrevista ao DCI que esses nichos ganharam destaque nos nove empreendimentos da 5R. "Com isso, conseguimos fazer com que o consumidor passe mais tempo no empreendimento", apontou. Outro ponto destacado foi a questão da arquitetura, que para a administradora segue características regionais em que serão inaugurados. "Pegamos as principais características da cidade em que será inaugurado e levamos para dentro do mall".
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Além das tendências mencionadas, há também os shoppings que têm como opção aos varejistas as operações modulares. Uma das empresas que já atua com esse sistema é o novato Mais Shopping, localizado na zona sul de São Paulo. Além das tradicionais lojas-âncoras que levam o nome de grandes empresas como Renner, C&A, esse modelo de negócio preza pela simplificação do espaço para o lojista. "Com as lojas modulares, o lojista não terá altos custos na abertura da loja. Ele utilizará o piso do shopping, o ar condicionado, a iluminação, toda a estrutura do empreendimento", afirmou Marco Antônio Ferreira superintendente do mall.
Ainda segundo o executivo, as lojas são todas de vidro, sendo assim o varejista terá custo apenas com móveis, estoques e mão de obra. "Com essa loja modular, o empresário consegue economizar, em média, 60% ao abrir sua loja", enfatizou Ferreira.
Veículo: DCI