Algodão em alta afeta futuro de Roda Velha

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Afastado da sede do município de São Desidério (BA), distrito avança na agricultura e já sonha com a emancipação

Luiz Eduardo Magalhães, município vizinho que deixou de ser distrito de Barreiras em 2000, é usado como inspiração

Maior produtora nacional de algodão, líder em grãos no Norte-Nordeste e dona do terceiro PIB agrícola do país, São Desidério (BA) cresceu e agora pode ser dividida ao meio.

Isso porque as riquezas do município estão concentradas no distrito de Roda Velha, a 130 km da sede, quase na divisa com o Estado do Tocantins, e que já anseia por emancipação.

O município vizinho Luís Eduardo Magalhães, o outro grande polo agrícola do oeste baiano, é sempre usado como inspiração.

Em 2000, Luís Eduardo se desmembrou de Barreiras, a mais tradicional cidade da região, para ganhar vida autônoma. A cidade cresce ao ritmo de 12% anuais. Em uma década, a população saltou de 18 mil para 60 mil habitantes.

"Roda Velha é praticamente o que Mimoso do Oeste era antigamente. A mesma estrutura, número de pessoas, gente de todo o Brasil", diz o prefeito de São Desidério, Demir Barbosa (PMDB), ao se referir ao antigo nome de Luís Eduardo, quando ainda tinha status de distrito.

O município, batizado em homenagem ao filho do senador Antônio Carlos Magalhães (1927-2007), abriga, assim como Roda Velha, empresas como Bunge e John Deere, líder mundial em máquinas agrícolas.

Da mesma forma, ambas passaram a receber migrantes do interior da Bahia em busca de uma vida melhor.

"Em vez de São Paulo ou Salvador, vim convencido por minhas irmãs, que arranjaram emprego rapidinho", diz o mecânico Alessandro Pereira, 19, de Utinga (BA), há oito meses em Roda Velha.

Dos quase 30 mil habitantes de São Desidério, mais de um terço mora no distrito.

EXPANSÃO IMOBILIÁRIA

Loteamentos começam a surgir. Um grupo holandês vendeu 1.300 dos 2.500 terrenos disponíveis. Uma corretora local ressalta a forte procura por parte de moradores de Brasília e Goiânia.

Uma casa de dois quartos é negociada por R$ 65 mil, em até 420 meses.

"Aqui temos até uma mansão de investidores paranaenses avaliada em R$ 4 milhões", diz o vereador Devanir Figueira (DEM), um dos milhares de sulistas que foi ganhar a vida no chamado cerrado baiano.

A extensão territorial do município de São Desidério, o segundo maior da Bahia --com uma área dez vezes maior que São Paulo, com 15,1 mil quilômetros quadrados--, é outro argumento usado para a emancipação.

"Precisamos de administração própria, porque estamos longe de tudo. Com certeza, isso vai facilitar as coisas para fazendeiros e trabalhadores", diz o gaúcho Jacó Follman, da subprefeitura de Roda Velha.

Graças à zona rural, o PIB do município saiu de R$ 157,6 milhões, em 1999, para ultrapassar R$ 1 bilhão, em 2008.

São Desidério é a única cidade do Estado baiano sem dívidas: tem folga na folha de pagamento e chega a exercer atribuições do governo federal, como a eletrificação de povoados afastados, que ainda constam como pendentes na relação do programa Luz para Todos.

CONGRESSO

Principal responsável por trazer dinheiro aos cofres da prefeitura, o distrito de Roda Velha depende do Congresso Nacional para concretizar o voo solo.

Embora a Constituição de 1988 tenha dado a competência sobre a criação de municípios às Assembleias Legislativas, uma emenda constitucional mudou a regra em 1996, e o assunto está parado na Câmara.



Veículo: Folha de S.Paulo


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