Governo sinaliza que pode entrar no mercado para frear a queda na cotação do café, que já é 40% menor que em 2011
Segundo principal item da pauta de exportações do estado, o café vive a ameaça de uma crise, com persistente queda de preços para o produtor. Apesar de expectativa de safra até 5% menor para este ano e de estoques que estariam ajustados à demanda, além do consumo firme, o preço da saca reage no caminho inverso e já sofreu desvalorização perto de 25% este ano em relação ao mesmo período de 2012. Cotado em aproximadamente R$ 300, o valor da saca é 40% menor que o preço médio cobrado em 2011.
A expectativa dos cafeicultores de Minas, que ontem se reuniram com o governador Antonio Anastasia, é de que o governo federal, além de garantir correção de aproximadamente 20% no preço mínimo do produto, elevando o valor para R$ 350, faça também opções de compra que podem enxugar a oferta e segurar a cotação. “A sinalização do governo, de que está pronto para entrar no mercado, é suficiente para estimular os preços”, defende Roberto Simões, presidente da Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg).
O preço da saca do café, variando entre R$ 290 e R$ 300, é insuficiente para cobrir o custo da produção, que se aproxima dos R$ 340, segundo os cafeicultores. Apesar da tormenta nas principais regiões produtoras do estado, como o Sul de Minas, o cafezinho do brasileiro segue em alta nos balcões de bares, padarias e lanchonetes. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE, entre janeiro e março o produto acumulou alta de 2,18% – superior ao índice geral da inflação, que acelerou 1,94% no mesmo período. “Não há motivo internacional para a queda de preços do café. Os efeitos disso são ruins para economia e acabam levando a uma queda na indústria. Por isso apresentei a solicitação de garantia do valor mínimo à presidente Dilma Rouseff”, disse Anastasia.
Entre as medidas de estímulo à cafeicultura que podem contar com participação do governo do estado está o georeferenciamento, que tem por objetivo monitorar os estoques, evitando especulações que derrubem os preços. No primeiro trimestre de 2013, Minas, que produz 52% do café brasileiro, exportou 4,2 milhões de sacas do grão, com participação de 11,11% nas exportações. No mesmo período do ano passado foram 3,8 milhões de sacas exportadas, com participação de 14,4% na pauta, já que no primeiro trimestre do ano passado a cotação era cerca de 30% maior. “O ideal seria termos uma política que garantisse um preço médio e evitasse essas grandes distorções”, aponta Simões.
Produtor de café em São Gonçalo do Sapucaí, no Sul de Minas, João Roberto Puliti, que integra a comissão do café da Faemg, diz que o preço de garantia do governo não cobre os custos e que o acúmulo de prejuízos leva ao endividamento e desestimula a produção. “Os cafeicultores estão com dificuldade para manter seus trabalhadores e pagar os custos da produção, como o óleo diesel.”
ESPANHA O governador Antonio Anastasia também se reuniu também com um grupo de empresários espanhóis que vieram ao estado em busca buscar oportunidades de negócios, investimentos e investidores. Hoje, os empresários, representados pela Confederação Empresarial da Espanha, serão recebidos na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Entre os setores estão construção civil e pesada, segurança e equipamentos para mineração.
Veículo: Estado de Minas