Falta de incentivo e crédito atrapalham crescimento da produção de produtos típicos

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Produtores se esforçam para negociar com as redes

Em 2011, a aprovação da lei estadual que regulamen- ta o licenciamento, registro e comercialização de produtos artesanais no Pará (Lei 7.565) representou uma vitória para produtores de farinha de mandioca, tucupi, maniva, queijo do Marajó e outras iguarias da culinária local. A regulamentação permitiu, entre outras coisas, que os produtores pas- sem a negociar com as redes de supermercados, mas ainda não resolveu todos os problemas.



A dificuldade de crédito continua sendo um grande empe- cilho para a adequação das propriedades e da produção. “Além da burocracia, existe uma série de exigências que precisam ser cumpridas e isso demanda investimentos”, afirma Anderson Calderaro, que divide com o pai, Nelson, a administração dos produtos Vovó da Floresta. A adequação da propriedade da família, que permite a padronização da produção, está em andamento e vai custar cerca de R$ 700 mil. Além de crédito, também é preciso conhecer para aprimorar a produção.



É o que defende o Instituto Paulo Martins. “Em todo o mundo estamos assistindo uma valorização dos produtos artesanais e isso precisa ser aproveitado pelos pequenos produtores daqui também”, defende Joana Martins. Para isso, no entanto, é preciso organiza- ção e, sobretudo, padronização da produção. Segundo ela, para ganhar o mercado os produtos precisam de um padrão de qualidade.

 

Variações – como ocorre com o tucupi, por exemplo – não são bem aceitas por consumidores mais exigentes. “Ocorre que existe uma variedade enorme de mandioca, nem todas apropriadas para a produção do tucupi. Por isso, é fundamental incentivar as pesquisas, são elas que vão aprimorar a produção. Conhecer cientificamente os nossos produtos é fundamental”, defende. A busca por esse conhecimento permitiu à família Calde- raro a padronização do tucupi produzido na fazenda São Francisco.



Ainda é uma iniciativa individual, mas que o Instituto Paulo Martins pretende ver multiplicada e reproduzida em ou- tras produções, como a do queijo do Marajó, por exemplo. “Nossa ideia é, ao mesmo tempo em que incentivamos o desenvolvimento de pesquisas sobre os produtos regionais, articular os pequenos produtores para fortalecer essa cadeia de produção. No Pará, existem muitos produtos que não estão no mercado, mas que têm um potencial enorme para ser explorado, basta organizar a produção”, comenta Joana. Como escreveu a jornalista Ailin Aleixo em seu blog gastronômico, o Ver-o-Peso da Comida Paraense já mostrou aos brasileiros a preciosidade da culinária paraense. Agora, o Pará precisa se preparar para atender essa demanda.


Veículo: O Liberal - PA


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