Os alimentos usados nas fábricas voltaram a ficar mais baratos em março, contribuindo para conter a inflação da indústria no mês, medida pelo Índice de Preços ao Produtor (IPP) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta no indicador foi de apenas 0,03%, após dois recuos consecutivos.
No ano, o IPP ainda registra uma deflação de 0,42%. A desvalorização do dólar em relação ao real e a entrada da safra nacional de grãos recorde em 2013 foram os principais responsáveis pelo recuo nos preços dos produtos industriais no período.
No primeiro trimestre, a moeda americana sofreu uma queda de 4,5% em relação ao real, apontou o IBGE. "Ao ter uma queda (na moeda americana), vários produtos de várias atividades muito ligadas ao dólar, como informática, fumo, celulose, aviões e meios de transporte, também apresentam uma redução de preços", justificou Manuel Campos Souza Neto, técnico do IPP na Coordenação de Indústria do IBGE. "Por outro lado, não é só isso. Temos uma safra boa também", lembrou.
A safra nacional de grãos levou a um recuo de 5,26% nos preços dos produtos alimentícios de janeiro a março, o que resultou em uma contribuição negativa de 1,06 ponto porcentual para a inflação medida pelo IPP neste ano. Os alimentos já ficaram mais baratos por três meses consecutivos. Em março, o resultado foi influenciado pelos derivados de soja e açúcar, o que compensou os aumentos verificados nas atividades de refino de petróleo e produtos de álcool, metalurgia e outros produtos químicos.
Tomate. Segundo Souza Neto, a queda acumulada nos preços dos alimentos na porta de fábrica difere da alta ocorrida no varejo porque o IPP leva em conta produtos voltados para a exportação, além de não ter peso tão grande de itens comercializados in natura, como o tomate.
"Aqui são produtos (alimentícios) mais acabados e produtos de exportação também. Estamos com preços de exportação. Em algum momento (essa queda) vai bater no varejo, é claro, mas a grande diferença é essa", explicou o técnico do IBGE.
As condições mais favoráveis tanto para a safra como para o câmbio também foram responsáveis pela desaceleração no IPP acumulado em 12 meses, que passou de 7,71% em fevereiro para 6,64% em março. O indicador do IBGE mede a evolução dos preços de produtos na porta da fábrica, sem impostos e fretes, em 23 setores da indústria de transformação.
Veículo: O Estado de S.Paulo