Mercado considera frustrante adiamento da decisão do novo preço mínimo para o grão pelo governo .
As cotações do café voltaram a "descer a ladeira" na semana no mercado internacional. Tanto o arábica na Bolsa de Mercadorias de Nova York (ICE Futures) quanto o robusta na Bolsa de Londres (Liffe) tiveram fortes perdas, diante de um cenário ainda tranqüilo para a oferta globalmente. Para os produtores, também foi frustrante um novo adiamento, para a próxima semana, da decisão do novo preço mínimo para o café pelo governo.
De acordo com relatório divulgado por Safras & Mercado, o maior tombo do mercado, o mais significativo, foi visto na Bolsa de Nova Yorque na terça-feira passada, quando o arábica teve a maior perda diária em três meses. A expectativa de que o Brasil vai ter grande safra novamente em 2013, apesar de ser de ciclo baixo produtivo dentro da bienalidade cafeeira, tornou a ser citada como o fator preponderante negativo.
Segundo traders, recentes altas vistas nas cotações não estiveram relacionadas aos fundamentos, já que não houve mudanças nesses, e a safra brasileira segue muito bem rumo à colheita, devendo compensar os problemas com doenças fúngicas na América Central. Assim, especuladores e fundos tiraram o dia 23 para liquidar posições.
Além disso, tecnicamente o mercado deu sinais de fraqueza, depois de na segunda-feira atingir os preços mais altos em seis meses e não conseguir manter tais níveis. Completando o noticiário baixista no arábica, a Goldman Sachs reduziu sua previsão de preços para o arábica em Nova York. A instituição trabalha agora com expectativa para os próximos 3, 6 e 12 meses com NY na faixa média de US$ 1,45 a libra-peso.
Por outro lado, analistas indicam que também não há razões para o mercado ir abaixo disso, tendo em vista que o quadro de oferta e procura segue ajustado e a demanda segue crescendo, apesar do posicionamento comedido e da mão-para-boca dos grandes players compradores.
Definição - No mercado brasileiro, grande desapontamento dos produtores com a não definição do novo preço mínimo pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) na quinta-feira passada. Ficou a decisão para a próxima semana, provavelmente nesta segunda-feira, mas incomodou muito a cadeia produtiva os rumores de que o governo não concorda em elevar o preço para a faixa de R$ 340,00 a saca. Os produtores manifestaram que não vão aceitar um preço abaixo de R$ 336,00, patamar esse indicado pela Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) como custo de produção.
Além desse aspecto político, o mercado foi desfavorável no país, seguindo o desempenho externo. No sul de Minas Gerais, o café arábica bebida boa caiu nesta semana de R$ 310 para R$ 302 a saca (tomando os comparativos entre 19 de abril e 25 de abril, respectivamente), acumulando queda de 2,6% no período.
Veículo: Diário do Comércio - MG