Para direção, essa foi a melhor saída para enfrentar forte concorrência do ramo.
A mineira Diagonal Tecidos tem produção no Leste da China, na cidade de Keqiao, depósito em Itajaí (SC) e sede administrativa em Belo Horizonte. A decisão de uma logística como esta foi questão de sobrevivência. Pode parecer estranho, mas a descentralização torna a Diagonal mais competitiva no mercado. "Foi a saída que encontramos para enfrentar a forte concorrência do ramo. Os custos são muito mais enxutos assim", explica o diretor-geral da empresa, Álvaro Júnior, que diz não saber de quanto é a economia total do processo.
Fundada em 1994, em uma primeira fase a empresa adquiria mercadoria em São Paulo para revender a confecções. Porém, seus próprios clientes passaram a comprar diretamente das fábricas para ter preços mais interessantes. A concorrência ficou inviável. Em 2001, a Diagonal começou a importar os tecidos da Coreia e, há nove anos, passou a trazê-los diretamente da China. "Os preços são muito mais baixos", garante.
A administração de bases descentralizadas parece não ser problema na rotina da empresa. Todas as atividades são acompanhadas desde que a produção sai da China até quando chega ao galpão de Santa Catarina. Os representantes trabalham com pedidos on-line via tablet. Assim que uma compra é feita, já é dado baixa no estoque. "A otimização dos nossos processos trouxe mais eficiência, mais rapidez."
Atualmente, a empresa mantém funcionários dentro das fábricas da China para inspecionar a produção. Também transferiu recentemente duas pessoas de funções estratégicas para Itajaí. O próprio diretor-geral viaja a cada três semanas para acompanhar tudo o que acontece. " uma forma de estar sempre atualizado", afirma Júnior.
Mesmo com a fábrica do outro lado do mundo, toda a parte pensante da empresa, entre elas a criação, fica em Belo Horizonte. "Fazemos pesquisa de moda em Nova Iorque, Paris, Milão, Londres e participamos de feiras internacionais para detectar quais são as tendências." A equipe de criação toma decisões sobre estamparia e coloração, faz os croquis, desenhos e envia os pedidos para a China. Normalmente, cada coleção é feita com um ano de antecedência.
Perspectivas - Para 2013, a empresa espera obter um crescimento de 5% nas vendas, mas não divulga o valor do faturamento. Nos últimos 19 anos, alcançou variação positiva de 20% como um todo. Na avaliação de Júnior, o mercado passa por um momento delicado. "Houve inflação e os salários não acompanharam. Com tantas contas para pagar, o consumidor acaba economizando na roupa", comenta Júnior. Além disso, a concorrência hoje é mais acirrada. "Existe muita oferta e, como não existe marca de tecido, o cliente não é fiel. Ele compra porque acha o tecido bonito e o preço bom", explica.
A Diagonal é conhecida como lançadora de moda no mercado e atende a um consumidor mais exigente, com maior poder aquisitivo, que procura tecidos exclusivos. "Buscamos oferecer produtos e estampas que ninguém tem. Nosso esforço maior é para antecipar tendências", explica o diretor geral.
Os estados com vendas mais representativas são Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Ceará, Pará, Santa Catarina e Paraná. A empresa também pretende aumentar a participação no mercado do Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas no segundo semestre de 2013.
A Diagonal produz malhas e tecidos de poliéster, viscose e algodão. Atualmente, gera 40 empregos diretos incluindo as bases de Belo Horizonte, China e Itajaí. A força de vendas conta com 100 representantes espalhados pelo Brasil. Possui distribuidores que revendem para confeccionistas ou para consumidores que querem fazer a sua própria roupa.
Veículo: Diário do Comércio - MG