De produção prevista de 82,495 milhões de toneladas, volume do grão já comprometido chega a 54,070 mi/toneladas.
Os produtores brasileiros de soja negociaram 66% da safra 2012/13, segundo levantamento divulgado por Safras & Mercado, com base em dados recolhidos até o dia 26 de abril. Em igual período do ano passado, a comercialização envolvia 75% e a média para o período é de 63%. No levantamento anterior, divulgado em 8 de março, o número era de 58%. Levando-se em conta uma safra estimada em 82,495 milhões de toneladas, o volume de soja já comprometido chega a 54,070 milhões de toneladas.
Sobre o relatório passado o avanço foi de apenas 8%, contra 17% da média normal. "Essa desaceleração teve duas razões principais: a reavaliação para cima na safra brasileira; e a retração das cotações domésticas, tanto no comparativo com o mês anterior, como sobre igual momento do ano passado", avalia o analista de Safras Flávio França Júnior.
De acordo com ele, os preços internos mais acomodados estão relacionados ao predomínio do lado negativo nos três pilares da formação dos preços no Brasil: Bolsa de Mercadorias de Chicago (Cbot) 1% menor e prêmio de exportação caindo de US$ 67 cents para -US$ 70 cents/bushel; e no lado positivo apenas a taxa de câmbio melhor em 8%.
"Essa retração externa está associada no lado dos fundamentos à safra cheia colhida na América do Sul, com a expectativa de área maior e safra também cheia nos EUA e pelas preocupações sobre a demanda com o retorno da gripe aviária na China", enumera o analista.
"Em relação à safra 2013/14, também influenciada pelos preços conservadores, ainda não tivemos o início efetivo das negociações, com estimava preliminar de que no máximo 1% da safra potencial teria sido comprometida, contra 14% em 2012", ressalta.
Mercado - O mercado brasileiro de soja teve poucos negócios e preços entre estáveis e mais baixos na semana passada. A queda nas cotações seguiu a sinalização dos principais balizadores para os preços domésticos. A Cbot e o dólar acumularam desvalorização no período, pressionando as referências e prejudicando a comercialização.
Em Passo Fundo (RS), a saca de 60 quilos recuou de R$ 58,50 para R$ 56,00 entre os dias 18 e 25. No mesmo período, a cotação baixou de R$ 56,00 para R$ 54,00 em Cascavel (PR). No Mato Grosso, na região de Rondonópolis, o preço caiu de R$ 49,50 para R$ 48,50. Em Dourados (MS) e Rio Verde (GO), a saca estabilizou na casa de R$ 50,00 e R$ 52,00, respectivamente.
Na Bolsa de Chicago, os contratos com vencimento em julho tiveram desvalorização de 1,29%, recuando de US$ 13,90 para R$ 13,72 entre os dias 18 e 25. O dólar comercial teve baixa de 0,74%, fechando a quinta-feira passada cotado a R$ 2,002.
Segundo o analista, o mercado internacional, que baliza as negociações internas, passa por um período em que dois cenários preponderam. As posições com vencimentos mais próximos, de curto prazo, ainda garantem sustentação no aperto da disponibilidade de soja nos Estados Unidos. Esmagadores, exportadores e fabricantes de ração animal estão disputando a soja, temendo que os estoques zerem.
Pressão - Já os produtores evitam negociar e voltam suas atenções para o início do plantio da safra nova nos Estados Unidos. Como conseqüência, as cotações vêm subindo no mercado físico, com reflexos nas cotações futuras de curto prazo. Para as posições mais distantes, que se referem à nova safra, o quadro é bem diferente.
Além da entrada de uma grande safra sul-americana no mercado, a pressão também é exercida pela possibilidade dos Estados Unidos plantarem uma área acima do esperado. Este sentimento cresce a cada dia de clima desfavorável e atraso na semeadura do milho. Esse retardo no cultivo do cereal pode fazer com que os produtores optem por plantar mais a oleaginosa.
A produção de soja da América do Sul deverá totalizar 146,275 milhões de toneladas na temporada 2012/13, com elevação de 25% sobre o total colhido em 2011/12, de 117,014 milhões de toneladas. A previsão anterior era de 145,464 milhões de toneladas.
Veículo: Diário do Comércio - MG