Recuo dos grãos no atacado leva especialistas a projetar repasse da queda ao consumidor em maio
Ao desacelerar pelo quarto mês seguido, o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) mostra que os custos de produção das empresas brasileiras caíram em abril. A expectativa é de que esse alívio seja repassado ao produto final, ou seja, para o consumidor, já no próximo mês.
Muitos dos grãos que servem de matéria-prima para a indústria de alimentos, como soja e milho, registraram preços mais baixos, conforme a Fundação Getulio Vargas (FGV), que calcula o índice. Isso indica que carne bovina, aves, açúcar refinado e outros alimentos que vinham pressionando a inflação tendem a ficar mais baratos para o consumidor final, explica André Braz, economista da instituição.
– O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de maio já deve mostrar o recuo no preço dos alimentos, inclusive com a influência da isenção do PIS e da Cofins sobre os produtos da cesta básica (anunciada pelo governo em 8 de março) – afirma Braz.
Os produtos agropecuários no atacado caíram 1,82% em abril, tornando-se a principal influência entre os grupos que compõem o IGP-M. Braz explica que, nos próximos meses, hortifrúti como tomate e cebola, cujas safras começam nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, poderão baixar de preço, refletindo-se na inflação geral.
Em 12 meses, o IGP-M acumula alta de 7,3%, o menor índice desde fevereiro. Em abril, ficou em 0,15%. Economista-chefe da Rosenberg & Associados, Priscila Godoy afirma que poderá haver altas pontuais em junho ou julho, em razão do reajuste de tarifas públicas e da alta no minério de ferro. Mas, ao final do ano, o IGP-M deverá ser menor do que agora, avalia:
– Não há grandes fatores de pressão.
Professor de economia da UFRGS, Flávio Fligenspan diz que a desaceleração do IGP-M reforça as expectativas do mercado de que o IPCA, referência no regime de metas de inflação, feche o ano abaixo do limite do teto, de 6,5%. Em 12 meses encerrados em março, o índice acumulou 6,59% e levou o governo a elevar o juro básico para 7,50% ao ano.
– Não se pode baixar a guarda com a inflação. Além dos alimentos, ainda há um choque de oferta e problemas estruturais que continuam pressionando os preços – alerta Fligenspan.
Reajuste mais ameno
Um dos efeitos da desaceleração do IGP-M são reajustes mais amenos nos contratos de aluguel, uma vez que muitos são indexados a esse indicador. Quem tiver contratos com data-base de vencimento nos próximos meses poderá estar sujeito a correções de preços menores, diz a economista Priscila Godoy, da Rosenberg & Associados, uma vez que a tendência é que o IGP-M continue subindo menos do que em períodos anteriores, com poucas exceções.
Professor de economia da UFRGS, Flávio Fligenspan avalia que o IGP-M deverá se manter em patamar inferior ao do ano passado, pois não terá influência do dólar alto, que eleva os custos de importação das empresas e a inflação no atacado. No final de 2012, o governo permitiu que o dólar se valorizasse para apoiar a indústria exportadora.
Veículo: Zero Hora - RS