A figura do lenhador com o machado já ficou no passado na visão das grandes empresas com atividades florestais, mas quem estão perdendo o posto agora são os operadores de motosserra.
A Klabin, uma das maiores fabricantes de papel do país, está concluindo um investimento de R$ 75 milhões para a mecanização da colheita de madeira, a matéria-prima que move suas 17 fábricas no Brasil e uma na Argentina.
O projeto desenvolvido pela companhia prevê a substituição integral das motosserras que ainda são operadas pelos trabalhadores. No lugar delas, estão entrando máquinas e equipamentos automatizados, maiores e mais sofisticados.
"Nos últimos três anos, temos realizado um grande esforço para a retirada de madeira de florestas de forma mecanizada", afirma o diretor-geral da Klabin, Reinoldo Poernbacher.
Entusiasta do projeto, desde que dirigia a operação florestal da Klabin antes de assumir o atual cargo em março, Poernbacher vê na mecanização das florestas um meio de elevar a produtividade. "Com o trabalho de motosserra, o pinus, ao cair, quebrava. Com a nova tecnologia, reduzimos o índice de quebra de 95% para 5%", disse o diretor-geral da Klabin.
A mecanização da colheita não é um fato novo na indústria de papel e celulose. Outras companhias também já aderiram. Mas a Klabin é uma das principais proprietárias privadas de florestas no Sul do Brasil. Possui cerca de 450 mil hectares de área total, dos quais 220 mil hectares estão cobertos por florestas plantadas de pinus e eucaliptos.
A primeira fase de implantação do projeto de mecanização da companhia no Paraná já está concluída, sendo que a etapa em Santa Catarina está em curso.
Para o processo de colheita, a Klabin administra nove conjuntos, compostos de cinco a seis máquinas. "São equipamentos ligados com GPS (comunicação com satélite) e SAP (software de gestão)", conta Poernbacher.
Entre os equipamentos utilizados na operação, incluem-se tratores "feller buncehr", que fazem o corte em feixes do tronco das árvores; "stidder" que recolhem pesadas árvores; e "harvest" que cortam e arrastam os troncos, cortando em pedaços e classificando seu destino.
O processo de mecanização também avançou sobre os terrenos acidentados. Em áreas íngremes, máquinas com braços mecânicos de 10 metros, conhecidas como "schower logger", ajudam a fazer o trabalho de recolhimento da madeira. Neste processo, a Klabin consegue recolher melhor os restos da colheita. "Os resíduos florestais, picados, vão para a caldeira de biomassa", explica Poernbacher.
Em seu complexo industrial de Telêmaco Borba, no Paraná, a Klabin construiu uma nova caldeira movida a biomassa, capaz de reduzir estimados 570 mil toneladas de emissão de gás carbônico por ano, um potencial gerador de recursos.
Para se ter uma idéia, a empresa conseguiu vender 86 mil toneladas de CO2 em maio de 2008 no âmbito do protocolo de Kyoto ao fazer a substituição da fonte de energia de uma fábrica do óleo pelo gás natural.
Veículo: Valor Econômico