"A maior transformação brasileira da última década foi a ocorrida no mercado de trabalho. Não conheço uma mudança no padrão salarial' em qualquer país emergente que chegue perto do que observamos no Brasil".
A afirmação é de Octavio de Barros, diretor do departamento de estudos econômicos do banco Bradesco.
A formalização do mercado de trabalho foi de 59,7% do total de ocupados em 2004 para 72% em fevereiro deste ano, conforme o IBGE.
"Devemos considerar formais os trabalhadores por conta própria que recolhem rigorosamente o INSS. Além dos militares e servidores públicos, que são mais do que formais e frequentemente não entram nas estatísticas."
Para o economista, as razões são essencialmente demográficas, mas não são as únicas. A oferta de mão de obra cresce sistematicamente abaixo da demanda.
O número de pessoas entre 18 e 24 anos cai no país e esses jovens têm permanecido mais tempo na escola.
"Isso é ótimo, mas o fluxo de entrantes está em queda."
O crescimento demográfico brasileiro aproxima-se do patamar de países ricos.
"A produtividade do trabalho aumentou muito no Brasil, ou as pressões inflacionárias seriam muito maiores. Mas dificilmente cresceu no mesmo ritmo dos salários." Ao afirmar que só um forte incremento de produtividade fará o país voltar a ser competitivo, Barros sugere elevar o número de trabalhadores imigrantes ou o de mulheres no mercado de trabalho.
"É muito abaixo do de países maduros. Possivelmente porque faltam creches e escolas de período integral."
Veículo: Folha de S.Paulo