Natal supera 2007 mas estoques estão altos

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O varejo nacional está correndo para esvaziar os estoques que tinha feito para o Natal e entrar em 2009 sem encalhe nas prateleiras. A preocupação é tanta, que algumas redes começaram suas promoções até mesmo antes do Natal e agora oferecem descontos de até 70%. Mesmo com esse incentivo, os segmentos de computadores não venderam o esperado, obrigando as lojas a reduzirem os pedidos aos fornecedores, e o de roupas já estuda retomar as vendas em consignação. Por isso também, o comércio descarta grandes reposições de produtos em janeiro além do planejado.

 

Grandes redes de eletroeletrônicos, como o Ponto Frio, afirmam que tiveram o crescimento esperado para o Natal. Porém, a companhia viu uma menor procura por alguns produtos como da categoria de informática o que estimulou saldões nessas categorias. A rede não revelou os números, mas disse que as suas vendas alcançaram as metas. "Tivemos uma performance muito boa em segmentos como vídeo e telefonia celular, apenas a linha de informática teve um resultado diferente, principalmente pela alta do dólar", comentou Marcos Vignal, diretor comercial da rede.

 

Por isso, foram necessárias adaptações no estoque diante da crise e da queda de venda dos computadores. "Temos flexibilidade com a indústria, para reduzir ou ampliar o estoque de acordo com a demanda. Por isso, conseguimos trabalhar com um estoque adequado." A companhia da família Safra ainda programa promoções para manter a alta nas vendas também no início do ano.

 

A líder Casas Bahia, também já vem anunciando promoções, sendo que na sexta-feira passada começou seus saldões de Natal nas edições da Super Casas Bahia, em São Paulo e também no Rio de Janeiro. Só em São Paulo, a previsão é de faturar, até 3 de janeiro, R$ 80 milhões, igual ao ano passado.

 

O Pão de Açúcar é outro que está realizando promoções em suas lojas do Extra, que e devem ir até o dia 31 e prometem ampliar em até 20% as vendas em relação a 2007. Há cerca de mil itens com descontos entre 30% e 70%.

 

Malls

 

No varejo de shopping centers, que no Brasil é responsável por cerca de 25% das vendas totais do comércio, houve um crescimento de 3,5%, sendo que a previsão antes da crise era de um aumento de 8% a 10%, segundo a Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings (Alshop). Os 689 centros de compras do País fecharam 2008 com vendas de R$ 70,7 bilhões, alta de 6,4% em relação a 2007. Já para 2009, a previsão é que o setor cresça 3,5%, com expectativa de abertura de 23 novos malls.

 

"Dentro do varejo há diversos segmentos, alguns tiveram alta e outros nem tanto. Mas temos que festejar o crescimento real de 3,5% nas vendas das mesmas lojas, principalmente, diante da situação de outros países", diz Nabil Sahyoun, presidente da entidade.

 

O consumidor ainda buscou presentes mais baratos. Segundo Sahyoun, o tíquete médio caiu 20% em relação ao ano passado. Para o empresário, diferentemente de 2007, as promoções ainda chegaram mais cedo. "Esse ano já teve promoções antes do Natal, o que também faz cair o tíquete. Em janeiro e fevereiro naturalmente elas devem superar o mesmo período de 2008."

 

Com mais estoque e receio, a reposição de mercadorias no ano que vem pode ser mais fraca, já que "o comércio deve ir com menos sede ao pote no começo de 2009. As grandes redes conseguem fazer parcerias com os fornecedores. A indústria também fica com mercadoria encalhada e a prática da consignação deve ficar mais forte", disse Sahyoun.

 

Ele explica que o modelo, no qual o fornecedor recebe pelas mercadorias quando ela é vendida para o consumidor e o varejista negocia comissão pela venda, é feita em alguns setores como no vestuário e se fortalece nos períodos de crise.

 

Em alguns centros de compras, como no Brasília Shopping, Terraço Shopping e Taguatinga Shopping, localizados no Distrito Federal e que pertencem a Organização PauloOctavio, foi festejada alta entre 8% e 15% nas vendas no Natal.

 

Apesar das vendas terem correspondido ao esperado, com medo, muitos lojistas começaram antes as promoções. "Não foi generalizado, mas percebemos que muitos lojistas ficaram preocupados em não esvaziar estoque e já iniciaram dezembro com descontos", disse o superintendente, Edmar Barros.

 

Já no BarraShopping, no Rio de Janeiro, que pertence à Multiplan, segundo a superintendente Satomi Namba, o crescimento das vendas foi de 10% sobre o Natal passado. Em relação a promoções, ela acredita "que os varejistas vão investir mais em promoção, não necessariamente apenas com descontos, no primeiro semestre de 2009", diz.

 

Em alguns malls na capital paulista também foi registrada alta nas vendas. No Shopping Butantã, por exemplo, foi confirmado o aumento esperado de 14%. Já no Shopping Interlagos a alta foi de e 10%, segundo a superintendente Carla Bordon Gomes.

 

Comércio de rua

 

Um dos principais centros comerciais populares da Grande São Paulo, a região da Rua 25 de Março recebeu mais de 1 milhão de consumidores por dia. No Armarinhos Fernandes, rede com 13 unidades, a alta foi de 3% nas vendas e faturamento sobre o Natal de 2007.

 

De acordo com o gerente de Vendas, Ondamar Ferreira, era o crescimento esperado e mesmo com a rede tendo feito encomendas com antecedência e antes da crise se agravar, o estoque está em nível considerado adequado.

 

Em Brasília, a renovação dos estoques das lojas de comércio deve ser feita apenas no final de janeiro, após a liquidação e as promoção de início de ano. O Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista) estima que houve crescimento das vendas de Natal entre 5% a 6%. "Temos receio de a crise econômica afetar a categoria. Mas com a estabilidade tributária que conseguimos, é bem provável que o setor cresça no próximo ano", prevê o presidente do Sindiatacadista, Fábio de Carvalho.

 

Veículo: DCI


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