Cada vez que o Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, aumenta os juros em um ponto percentual, o volume de vendas no varejo cai 2,7% nos três meses seguintes e 10,6% num período de doze meses. O consumidor por sua vez, escolado pelas oscilações anteriores da Selic (taxa básica de juros), ajusta-se à nova realidade em até um ano.
Essas são as principais conclusões de uma pesquisa feita pela Felisoni Consultores Associados e o Provar (Programa de Administração do Varejo) da FEA-USP, que acaba de ser concluída. O estudo usou a base de dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e abrangeu o período de junho de 2000 a outubro de 2008.
Com a perspectiva de queda na Selic, a tendência de aumento de vendas para o varejo é reforçada. "Com as taxas de juros caindo, o efeito é exatamente o oposto: a cada ponto percentual reduzido, o volume de vendas aumenta em 3% no curto prazo e mais de 10% em um ano", afirma Claudio Felisoni, coordenador do Provar. "A evolução do consumo é bastante sensível às variações das taxas de juros."
A hipótese de melhora no consumo é válida mesmo no caso de um acirramento da crise, segundo o estudo. O país viveu situações parecidas quando, mesmo em situações econômicas adversas, a queda nas taxas estimulou as vendas no varejo, apoiadas pelo alongamento dos prazos dos pagamentos.
Os bens duráveis e semi-duráveis, no entanto, serão os mais impactados.
A hipótese da queda na Selic ficou ainda mais provável ontem, depois da divulgação da queda de 0,13% do IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado), em dezembro, segundo analistas. No ano, o indicador subiu 9,81%. "Apesar de ser a maior alta anual do IGP-M desde 2004, a inflação fecha o ano de maneira muito positiva", diz Silvio Campos Neto, economista-chefe banco Schahin. "Abre espaço para que a queda dos juros aconteça na primeira reunião do Copom, em janeiro."
Na expectativa de Campos Neto, a taxa básica, hoje em 13,75%, cairá 0,5 ponto percentual em janeiro e chegará ao fim de 2009 em 11,25%.
No boletim Focus, do BC, a perspectiva de contração da Selic aumentou. No boletim anterior, a expectativa era que a taxa chegasse ao fim de 2009 em 12,25%. No divulgado ontem, ela ficará em 12%.
Veículo: Folha de S.Paulo