As maiores empresas que atuam no comércio exterior entre México e Brasil apoiam o relançamento das negociações de um Tratado de Livre Comércio (TLC) bilateral, assunto que voltou a fazer parte da agenda dos governos dos dois países. O ministro das Relações Exteriores do México, José Antonio Meade, visita nesta semana o Brasil, onde se reunirá com o ministro brasileiro da mesma área, Antonio Patriota, tendo a abertura comercial bilateral como um dos temas em discussão.
"Os níveis de resistência para pactuar um Tratado de Livre Comércio diminuíram impressionantemente; acredito que seja possível avançar de uma forma adequada", disse Marco Ramírez, gerente comercial da Câmara México-Brasil. A iniciativa é apoiada por empresas brasileiras como a Petrobras, a petroquímica Braskem e a fabricante de motores Weg. Do lado mexicano, entre os nomes favoráveis estão a Bimbo, América Móvil, Femsa, Mabe, Rotoplas e Cinépolis.
A Secretaria de Economia do México informou que foi criado um grupo de Alto Nível Empresarial, que analisará áreas de oportunidade para os dois países, de forma que, caso haja interesse, seja possível avançar em direção a uma maior integração. "É preciso voltar a fazer análises das economias dos dois países, que passaram por mudanças, e prognósticos sobre os próximos anos, não é uma coisa rápida", disse Rafael Nava, diretor de relações governamentais da Mabe.
O governo brasileiro tem interesse em um acordo com o México, mas, segundo informações dos ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, esse acordo não está entre as prioridades. A prioridade é União Europeia e o lançamento das negociações com o Canadá. Há ceticismo no governo brasileiro em relação ao real interesse dos empresários mexicanos em engajar-se nesse tipo de acordo, embora haja, do ponto de vista da Confederação Nacional da Indústria (CNI), no Brasil, grande interesse em ampliar o atual acordo, hoje limitado a produtos automotivos e quase rompido por Dilma.
As discussões para um Acordo Estratégico de Integração Econômica foram iniciadas ainda no governo Luiz Inácio Lula da Silva, mas o desinteresse por parte do setor privado mexicano esfriou as conversas, que ficaram ainda mais difíceis com a decisão do governo brasileiro de renegociar o acordo automobilístico, fixando cotas para a importação de carros do México.
Os mexicanos estavam concentrados em buscar um aumento das cotas com o Brasil, mas durante o encontro entre Dilma e Enrique Peña Nieto, presidente mexicano, no começo do ano, a ideia de avançar nas negociações comerciais não chegou a avançar. Os dois presidentes preferiram tratar de uma futura aliança entre Petrobras e Pemex, para ação internacional conjunta.
Veículo: Valor Econômico