Governo acerta com indústria e varejo os últimos detalhes para lançar cartão de crédito social semana que vem
O governo fecha os últimos detalhes para lançar, na semana que vem, o cartão que permitirá aos beneficiários do programa Minha Casa, Minha Vida adquirir móveis e eletrodomésticos de linha branca. E o governo fez várias exigências às empresas: é preciso que haja estoques nas lojas; que os beneficiários possam comprar a preços condizentes com sua renda; que os produtos sejam de modelos adequados às construções; e que tenham qualidade e manutenção.
Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, passou por uma maratona de reuniões com os ministros Miriam Belchior (Planejamento) e Agnaldo Ribeiro (Cidades), com empresários da indústria e do varejo e até coma presidente Dilma Rousseff, para ao final anunciar à imprensa o lançamento do novo cartão social em data ainda ser marcada, provavelmente terça ou quarta-feira. Faltam ainda alguns detalhes técnicos para fechar o produto.
Seis representantes de fabricantes e revendedores dos dois setores se reuniram ontem com os ministros para discutir os critérios de escolha dos produtos que poderão ser comprados com o cartão. Primeiro, os ministros sondaram das indústrias se haveria estoque ou condições para elevar a produção. Quiseram saber também se havia interesse na criação do cartão. A adesão foi geral.
Como contrapartida, os ministros exigiram três compromissos do empresariado. Primeiro, a indústria garantirá boas condições de venda para o varejo. O varejo, por sua vez, garantirá que os produtos chegarão por preço acessível ao consumidor do Minha Casa, Minha Vida. Além de beneficiar o público alvo, o governo evitaria que a medida pressione os preços e a inflação.
A segunda condição colocada foi a garantia de qualidade, ou seja, que não seja oferecido à população de renda mais baixa produtos ruins. O terceiro pedido foi que haja manutenção dos equipamentos adquiridos. “O consumidor não pode parcelar um produto em muitos meses sem a garantia de que ele não vai quebrar em um ano”, disse um dos empresários presentes à reunião, citando o argumento dos ministros.
Os empresários garantiram aos ministros que há estoques suficientes. “Esse quadrimestre está bem melhor do que no ano passado. Temos capacidade instalada suficiente para fornecer”, disse ao Brasil Econômico o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Eletrodomésticos (Eletros), Lorival Kiçula. Segundo ele, a indústria pode incrementar em até 20% sua capacidade. No caso de televisores, por exemplo, seria possível ampliar a oferta em cerca de 2 milhões de unidades.
Quanto ao preço, ele ponderou que o país possui uma economia dinâmica e que não depende de vontade pessoal manter os preços. “Mas é evidente que haverá um cuidado especial para que não haja aumento de custo, especialmente quando se trata de um programa para camadas populares”. O empresário não quis estimar em quanto as vendas devem crescer com a criação da linha. “Não se trata de explosão de vendas, porque as casas vão sendo construídas aos poucos”.
Do tanquinho à máquina de lavar automática
Ainda estão em análise as especificações técnicas dos produtos a serem incluídos no benefício. A principal condição é que os artigos sejam adequados aos projetos arquitetônicos do programa, por causa das dimensões. Por exemplo, fogão de seis bocas, geladeiras tipo duplex ou mesa de seis lugares provavelmente ficarão de fora, pois não caberão nos cômodos das casas do programa.
Mas uma coisa a ministra Miriam Belchior garantiu ao deixar a reunião: “Vai dar para comprar máquina de lavar automática, e não é só tanquinho”.
Em 2009, ano de crise financeira e véspera de ano eleitoral, o presidente Lula capitalizou para a campanha de sua sucessora quando reduziu a zero o IPI do tanquinho. O sucesso foi grande e a venda do produto cresceu em torno de 20%, levando o tanquinho aos lares de muitas donas de casa e lavadeiras. O benefício foi prorrogado por duas vezes.
Veículo: Brasil Econômico