Papeleira atrai mais que fábrica de celulose

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Numa recente reunião com banqueiros, o diretor-executivo da Suzano Papel e Celulose, André Dorf, foi surpreendido com uma pergunta inesperada: "Vocês não têm projetos para expansão da produção de papel?", questionou um dos representantes do banco. "Achei que esse dia jamais fosse acontecer", declarou, três semanas depois, o responsável pela área de novos negócios, planejamento e de relações com investidores da Suzano. 

 

Revertendo o cenário que prevaleceu nos últimos anos, a aposta dos analistas agora são pelas companhias com perfil mais dedicado à produção de papel do que de celulose - uma aversão à commodity dado ao forte declínio de preço nos últimos três meses como resultado da crise internacional. Essa mudança de perspectiva fez os analistas recomendarem as ações de empresas como Suzano e Klabin, em detrimento às fabricantes com maior foco em celulose como Aracruz e Votorantim Celulose e Papel (VCP). 

 

"Na nossa cobertura, nós agora preferimos as ações mais expostas ao negócio de papel", escreveram os analistas da Goldman Sachs, Marcelo Aguiar, Pedro Grimaldi e Eduardo Couto. Segundo os analistas, as ações destas companhias estão baratas na comparação com as de celulose, as margens operacionais vão aumentar e os lucros deverão ser mais gordos no curto prazo. "A demanda em papel está enfraquecendo, mas não tão severamente como a demanda internacional pela celulose." Em relatório do dia 22, a Goldman Sachs sugeriu a compra da ação da Suzano e mudou de "vender" para "neutro" a recomendação para o papel da Klabin. 

 

"Em tempos de incertezas, os preços dos papéis costumam ser menos voláteis do que os de celulose", afirmou recentemente o diretor-geral da Klabin, Reinoldo Poernbacher. Essa situação costuma favorecer as empresas com negócios na área de papel, mas também as companhias com negócios nos dois segmentos, principalmente aquelas que fabricam sua celulose e a usam para a produção de papel. "Há muita sinergia operacional nos dois negócios, com economia de custos. Evita-se, por exemplo, a secagem da pasta na hora em que for produzido o papel, garantindo maior competitividade", explica Dorf. 

 

A Suzano avalia que o negócio de papel, que tem mais de 60% ligado à atividade econômica doméstica e 80% atrelado ao mercado latino-americano, será beneficiado. "O câmbio inibe as importações e devemos aumentar nosso share", disse Dorf. Outro aspecto lembrado por ele é que os fabricantes nacionais deverão vender mais papel em virtude das compras mais pesadas em 2009 de livros didáticos que são distribuídos pelo governo às escolas públicas. "Isso acontece a cada três anos e é um volume bem representativo." 

 

Enquanto se espera um cenário menos conturbado para os produtores de papel em 2009, os fabricantes de celulose devem enfrentar uma situação de queda de preços. A Goldman Sachs reviu sua estimativa para o preço médio da commodity - de US$ 700 por tonelada para US$ 570 por tonelada. Antes do estouro da crise internacional, o preço oscilava em torno de US$ 800 por tonelada. 

 

Veículo: Valor Econômico


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