A Microsoft apresentou, ontem, o console de videogame Xbox One, sucessor do Xbox 360, que está no mercado há quase oito anos. O anúncio foi feito durante um evento realizado na sede da companhia, em Redmond, pequena cidade próxima a Seattle, nos Estados Unidos. Com o One, a proposta da Microsoft não é só fazer um novo console de videogame, mas uma central de entretenimento.
Segundo a companhia, além de permitir acessar conteúdos de música e vídeo, o que já é possível hoje com o Xbox 360, o novo console dará acesso a programas de TV ao vivo, mediante acordo com canais e operadoras. A Microsoft anunciou acordos com a NFL (liga de futebol americano) e com o diretor Steven Spielberg para colocar conteúdo exclusivo e interativo no console. "Esse é o começo da verdadeira TV inteligente", disse Yusuf Mehdi, vice-presidente da unidade de entretenimento interativo da Microsoft. De acordo com Don Mattrick, presidente da divisão de entretenimento, esse mercado mudou muito desde o lançamento do Xbox 360, em 2005. O Xbox One, afirmou o executivo, incorporou os novos conceitos.
A Microsoft não é a única empresa que vem trabalhando há alguns anos na ideia de transformar o console em uma central de entretenimento residencial. A japonesa Sony, dona do PlayStation, seguiu a mesma abordagem. Mas a Microsoft quer avançar nessa proposta ao integrar diversos elementos ao equipamento desde sua concepção - e não por meio de aplicativos e atualizações de software, como foi feito com o Xbox 360.
O mercado de jogos movimenta US$ 65 bilhões por ano, sendo a maior parte (mais de 40%) gerada pela Microsoft, Sony e Nintendo, que são as donas dos consoles mais vendidos e criam jogos para seus aparelhos. Nos últimos anos, o aparecimento de dispositivos móveis como tablets e smartphones gerou um grande desafio para as fabricantes, pois se tornaram importantes meios para os consumidores aproveitarem jogos e outros tipos de conteúdo.
O Xbox One traz uma mudança significativa em termos de tecnologia. A Microsoft resolveu abandonar o formato DVD usado no Xbox 360 e adotar o Blu-ray, tecnologia desenvolvida e defendida pela rival Sony. Apesar de representar o pagamento de royalties para o concorrente, o uso do Blu-ray possibilita avanços ao Xbox One. Os discos desse formato têm maior capacidade para armazenar dados, o que permite criar jogos com mais qualidade gráfica. Além disso, é mais difícil fazer cópias de jogos no formato Blu-ray, o que ajuda a combater a pirataria.
O One também funciona de forma mais integrada à nova versão do sensor de movimentos da Microsoft, o Kinect, que deixa de ser um item opcional. Todos os pacotes do Xbox One passam a vir com um Kinect na caixa. Durante a apresentação, Mehdi usou comandos de voz e gestos para alternar entre um jogo, um filme, uma transmissão de TV e uma chamada de vídeo pelo Skype.
A exemplo do que ocorreu com a Sony, em fevereiro, quando o PlayStation 4, sucessor do PlayStation 3, foi apresentado, o anúncio do Xbox One decepcionou os fãs mais fervorosos de games, que sentiram falta da apresentação de mais jogos e recursos. Na avaliação de Marcos Khalil, fundador e presidente da varejistas de jogos UZ Games, o investimento em entretenimento pode funcionar muito bem nos Estados Unidos, mas será de difícil implementação em outros países. "Eu não acredito que eles vão evoluir muito nisso no primeiro ano do One no Brasil", disse.
A Microsoft ainda não informou quando o novo console será lançado, nem a estimativa de preço. A expectativa é que o produto esteja disponível no varejo no quarto trimestre, a tempo das compras de Natal. A companhia prometeu dar mais detalhes sobre o Xbox One na E3, maior feira do mercado de jogos, que ocorre em Los Angeles entre 11 e 13 de junho. Durante o evento, a Sony também dará novas informações sobre o PlayStation 4.
No encerramento do pregão da bolsa de Nova York, ontem, as ações da Sony listadas nos EUA fecharam em alta de 9%, contra uma queda de 0,66% apresentada pela Microsoft na bolsa eletrônica Nasdaq.
Veículo: Valor Econômico