Procter & Gamble acelera ritmo de lançamentos

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A americana Procter & Gamble (P&G) era uma empresa com um pequeno portfólio e pouco conhecida no Brasil, quando o engenheiro pernambucano Alberto Carvalho deixou o país, há quinze anos, para assumir diversos cargos em escritórios da multinacional na América do Sul e nos Estados Unidos. Nos últimos dez anos, a operação brasileira se multiplicou por sete e atingiu faturamento de cerca de R$ 4,5 bilhões, segundo estimativas de mercado. Para manter o ritmo de crescimento, que chegou a 32% no último ano fiscal (encerrado em junho de 2012), Carvalho, novo presidente da P&G no Brasil, quer diminuir a lacuna entre o lançamento de um produto lá fora e sua estreia no país.

No exercício fiscal que termina no próximo mês, a operação brasileira vai registrar recorde de crescimento, de acordo com Carvalho. "Eu acho que o consumo ainda está muito forte no Brasil e eu não vejo nenhuma razão para desacelerar o crescimento da P&G hoje", afirma. O vilão atual, a inflação, preocupa? "Não muito, se ficar nesse patamar de 4% a 6%. Se começa a acelerar demais é um perigo não só para a gente, mas para o Brasil. Mas acho que a gente está longe disso", diz.

"O meu enfoque, dada a condição que temos no mercado hoje, de consumidores que aspiram produtos melhores, é trazer agora as inovações da P&G muito mais rápido do que a gente trazia antes. E a gente já começou a fazer isso", afirma Carvalho. Antes de assumir o cargo, em dezembro, o executivo era vice-presidente global da Gillette. Nessa posição, ajudou a trazer a lâmina Fusion Proglide, o item mais novo da linha de barbear. Carvalho ainda cita como exemplos a linha de cuidados com o cabelo Pantene Expert e as cápsulas de lava-roupas da marca Ariel. Ambos serão lançados no mercado brasileiro nas próximas semanas, entre seis meses e um ano após a estreia no mercado americano. "Se fosse seguir o modelo anterior, levaria muitos anos", diz.

A P&G também tem aumentado seus lançamentos nos últimos anos. A companhia prevê terminar o ano fiscal 2013, em junho, com 200 lançamentos no país. Dois anos antes, foram 94. "No Brasil antigo, não podíamos trazer essas inovações, porque tinham que ser produtos mais acessíveis. Agora o brasileiro já está pronto e podemos relançar sempre as nossas marcas e trazer as novas tecnologias", diz Carvalho. Ele é o primeiro brasileiro a comandar a operação nacional da empresa.

A meta de Carvalho é trazer, a cada um ou dois anos, uma nova categoria de produtos. Nos últimos dois anos, foram duas, com a chegada dos cremes Olay e dos purificadores de ar Febreze. A companhia também ampliou a oferta da marca Oral-B, antes concentrada em escovas dentais, com pastas e branqueadores de dente. As vendas das fitas branqueadoras superaram em cinco vezes as expectativas iniciais da empresa. "Muitas vezes as pessoas confundem e acham que país emergente significa produtos de baixo valor. Temos que saber trabalhar todo o portfólio, desde produtos mais acessíveis até os 'top' de linha", diz Carvalho, que já presidiu as operações da P&G no Chile e no Cone Sul.

Na categoria de lava-roupas, o lançamento das cápsulas ("pods") Ariel pretende criar um novo segmento no Brasil. Um único produto promete lavar, branquear e remover manchas. O correspondente no mercado americano foi lançado há um ano com a marca Tide. O pacote com cápsulas para até 14 lavagens vai custar R$ 18. "Nós fizemos estudos e tem um segmento de mercado que já está pronto para isso, na verdade, já está pedindo", diz Carvalho. De acordo com o executivo, os consumidores tanto de sabão em pó como líquido podem migrar para o novo produto. Hoje, o segmento de líquido, mais caro e que promete melhor performance, é o que mais cresce no país.

Carvalho sucede o egípcio Tarek Farahat, que dirigiu a P&G no Brasil por seis anos e foi escalado para comandar as operações latino-americanas da companhia. Durante a gestão de Farahat, a companhia, que não aparecia entre os 30 principais anunciantes do Brasil, tornou-se a sétima maior, com investimentos de R$ 372 milhões em 2011, segundo dados do Projeto Inter-Meios (a concorrente anglo-holandesa Unilever é a segunda maior, com R$ 995 milhões aplicados no mesmo período). Oito novas marcas chegaram ao país sob a liderança de Farahat, e as vendas aceleraram de uma média de 12% entre 2006 e 2009 para 28% em 2011 e 32% em 2012.

Se Farahat ficou conhecido como um homem de marketing, ao contratar celebridades como Faustão, Luciano Huck e Angélica como "embaixadores da marca" e Gisele Bündchen como garota-propaganda, Carvalho já sabe como quer ser lembrado. "É isso que eu quero que seja a minha marca: a inovação da P&G no Brasil", diz.

Para sustentar o crescimento robusto, estão em andamento a construção de uma nova unidade fabril em Seropédica (RJ) e a ampliação do centro de distribuição em Itatiaia (RJ) e das fábricas da companhia em Louveira (SP) e Manaus. Mas a expansão não vai parar por aí. "Estamos olhando várias oportunidades, incluindo obviamente o Nordeste, que é uma região que cresce a níveis acelerados com relação à média nacional", diz Carvalho. De acordo com o executivo, a empresa avalia diversos Estados, inclusive aqueles nos quais já tem instalações. Hoje, 80% do portfólio da companhia é produzido no país.

A Unilever, fabricante do xampu Seda, da pasta dental Close Up e do sabão Omo, também aposta na produção local e vai construir sua décima fábrica no país, em Aguaí (SP). A Kimberly-Clark, dona das fraldas Huggies Turma da Mônica, prepara-se para inaugurar sua primeira fábrica no Nordeste, em Camaçari (BA).



Veículo: Valor Econômico


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