Negócios a prazo avançaram só 1,3% e venda à vista repetiu desempenho de maio de 2012, segundo a ACSP
Afetadas pelo aumento da inflação e pelo endividamento ainda alto do consumidor, as vendas do comércio continuaram estagnadas em maio, o melhor mês para o varejo depois de dezembro, por causa do Dia das Mães. No mês passado, o número de consultas para venda a prazo aumentou só 1,3% ante igual mês de 2012 e, nas vendas à vista, houve empate.
Os números constam do levantamento da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), baseado numa amostra de dados de clientes da Boa Vista Serviços, que administra o Serviço Central de Proteção ao Crédito. No acumulado deste ano até maio, as vendas a prazo cresceram 1,1% na comparação anual e as vendas à vista aumentaram 0,9%. Até abril, os acréscimos tinham sido de 1% e 1,2%, respectivamente. Na média, houve desaceleração de 0,1 ponto porcentual nos índices acumulados de abril para maio.
"O movimento do varejo é compatível com o desempenho do PIB", afirma o presidente da ACSP, Rogério Amato. Ele espera alguma reação ao longo do segundo semestre, desde que o emprego seja mantido.
Calote. Na avaliação do economista da ACSP, Emílio Alfieri,os resultados da pesquisa mostram que o consumidor freou as compras e decidiu pagar as dívidas já contraídas que estão em atraso. No mês passado, o número de financiamentos inadimplentes aumentou 1,5% na comparação anual e o volume de dívidas em atraso renegociadas cresceu 4,5%.
O enfraquecimento das vendas no varejo nos últimos meses já afetou o humor dos varejistas. O índice de Confiança dos Empresários do Comércio, da Confederação Nacional do Comércio de Bens e Serviços, caiu 3,3% em maio, na comparação com o mesmo mês de 2012. Foi a maior retração nessa base de comparação desde agosto de 2012. 0 indicador vem registrando resultados negativos na comparação anual por 12 meses seguidos.
A perda de fôlego das vendas no varejo tem reflexos na indústria. Em maio, pelo 4.o mês seguido, a atividade da indústria desacelerou e o ritmo de expansão atingiu o menor nível em sete meses, de acordo com a pesquisa índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do instituto Markit.
O indicador caiu para 50,4, em maio, ante 50,8 em abril, mantendo-se pouco acima da marca de 50 que separa o crescimento da contração.
Veículo: O Estado de S.Paulo