Entrevista com Pedro Vieira
Com 200 mil produtos avaliados, o GoodGuide propõe aos consumidores se informar sobre a cadeia produtiva do que compram antes de ir para as lojas e supermercados
Pouco a pouco, os padrões de consumo se tornam um tema cada vez mais frequente em teses de pesquisa acadêmica. E os desdobramentos práticos da investigação acadêmica surgem como uma tentativa de conscientizar a sociedade a ter um olhar crítico em relação às marcas oferecidas nas prateleiras de lojas e supermercados.
Há sete anos foi criado o “GoodGuide” (www.goodguide.com). Ele originalmente era um projeto acadêmico, mas acabou por se tornar uma empresa com fins lucrativos. Hoje, tem cerca de 30 funcionários, que usam o conhecimento cientifico para oferecer serviços que se baseiam em apontar o que a indústria americana faz — de bom e de ruim.
O português Pedro Vieira, um dos fundadores do projeto, ressalta que a ideia é ajudar o consumidor a tomar decisões de compras de acordo com suas preferências e valores.
Vieira e seus colaboradores acreditam que investindo em informação de qualidade podem mudar o mercado. Sendo assim, quanto mais os consumidores se interessarem por comprar produtos voltados para a questão ambiental, mais as empresas serão incentivadas a fazer produtos seguros, ambientalmente sustentáveis e fabricados com o uso de fontes éticas de trabalho e matéria-prima.
O site ainda não possui versão em português, mas é possível acessar o banco de dados e consultar marcas famosas, inclusive pelo celular, por meio de um aplicativo grátis, que faz a leitura do código de barras dos produtos em circulação no mercado.
Quantos produtos o site já avaliou?
Perto de 200 mil.
Qual o volume de visitas?
Isso é difícil de medir, depende do que você considera uma visita. Com os aplicativos para celulares, as pessoas podem checar produtos enquanto visitam o aplicativo, e isso pode contar como uma visita. Nós também temos nossas classificações disponíveis no Google Shopping e em vários outros parceiros, incluindo o aplicativo Yahoo Red- Laser. Podemos dizer que há milhões de pessoas olhando e usando as informações do GoodGuide.
Como o processo de avaliação funciona?
Nós temos um grupo de cientistas que entendem de diversos assuntos, de nutrição até sociologia. Para cada categoria de produtos, os cientistas determinam qual a categoria mais importante em fatores como saúde, meio ambiente e sociedade. Então, nós colhemos informações baseadas na busca dos usuários, fazemos um resumo disso e calculamos nossa classificação, baseados nessas informações.
As classificações influenciam no mercado de ações?
Nossas ferramentas não têm a função de apoiar decisões de investimento. Nós classificamos as empresas com base em seu engajamento com o meio ambiente e políticas sociais e, a partir disso, as pessoas podem decidir de que maneira essas empresas devem investir. Nossa missão é ajudar as pessoas a comprar produtos de empresas que tenham mais responsabilidade social.
Quais são os planos para o futuro?
No verão passado, fomos certificados pelo Underwriters Labs. Eles são os maiores certificadores de qualidade e segurança nos EUA. Estamos trabalhando em um novo conjunto de ferramentas que vai mudar a forma como as empresas gerenciam os seus dados. O plano é que, em um futuro próximo, também possamos melhorar nosso serviço tanto no site quanto nos aplicativos de celulares.
O que os consumidores brasileiros podem esperar do GoodGuide?
Queremos ser líderes em transparência quando o assunto for desenvolvimento social e informação. Já começamos a procurar parceiros que queiram experimentar o nosso conceito em outros países. A boa notícia é que já falamos com algumas pessoas no Brasil, mas não temos nada muito concreto ainda. No entanto, o nosso banco de dados está aberto para o mundo inteiro consultar as marcas.
Veículo: O Globo - RJ