Grãos e carnes consolidam liderança

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A capacidade de competição demonstrada pelo agronegócio contribuiu para consolidar a liderança do país no mercado global de grãos e carnes. No ano passado, considerando-se o agronegócio e toda sua extensa cadeia de valores, as exportações do setor atingiram US$ 95,814 bilhões, numa variação de 0,89% em relação a 2011, com sua participação avançando de 37,1% para 39,5% nas vendas externas totais do país.

Praticamente 70% das exportações do agronegócio em 2012 tiveram origem nos complexos soja e carnes, sucroalcooleiro e produtos florestais, com destaque para papel, celulose e madeira.

Para este ano, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), segundo sua superintendente Rosimeire Cristina dos Santos, espera um crescimento novamente modesto, diante do cenário internacional ainda conturbado e dos problemas logísticos enfrentados pelo país. "Pode ser que tenhamos um crescimento mais expressivo no segundo semestre, com a normalização dos fluxos de carga no setor", diz.

Os dados acumulados até abril deste ano, segundo o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), sugerem que o agronegócio terá que realizar um esforço adicional para manter suas exportações em crescimento. No primeiro quadrimestre, as exportações cresceram 14,3% em valor, alcançando US$ 30,217 bilhões, mas os volumes embarcados cresceram em torno de 28%, com retração de 10,4% nos preços médios, considerando-se os 15 principais grupos da pauta do setor, que representam 96% das exportações.

A contribuição do setor tem sido mais relevante, nos últimos anos, pelos sucessivos saldos positivos na balança comercial. Nos quatro primeiros meses deste ano, o superávit chegou a US$ 24,5 bilhões, crescendo 17,6% em relação ao mesmo período de 2011. Os demais setores da economia amargaram déficit comercial de US$ 30,652 bilhões, num salto de 74,8% frente ao primeiro quadrimestre de 2011. Entre 2001 e 2012, o agronegócio gerou um superávit acumulado de US$ 565,325 bilhões, permitindo ao país um saldo positivo de US$ 325,635 bilhões no período, já que o restante da economia teve déficit de US$ 239,690 bilhões.

Neste ano, pela primeira vez na história, as projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) colocam o Brasil à frente dos americanos quando se trata de vender soja em grão ao mundo. As exportações brasileiras estão estimadas em 38,4 milhões de toneladas, ligeiramente acima das projeções da Associação Brasileira de Óleos Vegetais (Abiove), frente à expectativa de vendas na faixa de 36,6 milhões de toneladas a partir dos portos americanos.

Desta forma, o complexo soja deverá consolidar sua liderança na pauta de exportações do agronegócio neste ano. "Temos tudo para bater o recorde (de exportações), embora os preços devam ficar um pouco abaixo de 2012. Mas o ano passado foi o recorde dos recordes", afirma Fábio Trigueirinho, secretário da Abiove.

A indústria do setor espera exportar, no total, perto de US$ 28,294 bilhões, o que seria um avanço de 8,3% em relação aos US$ 26,122 bilhões registrados em 2012, recorde anterior. Pouco mais de 70% das vendas externas do complexo terão como origem os embarques de soja em grão, que deverão crescer de US$ 17,455 bilhões para US$ 19,864 bilhões, num avanço de 13,8%, com salto de 16% em volume, para 38,2 milhões de toneladas, e ligeiro recuo de 1,9% para os preços médios, previstos em US$ 520 por tonelada.

A vigorosa expansão dos volumes exportados pelo setor, no entanto, diz Trigueirinho, tornaram ainda mais evidentes as deficiências do sistema de logística, que concentra 70% do transporte de grãos sobre caminhões. "A situação caótica da logística elevou os custos de frete", diz. Os congestionamentos em rodovias e portos causaram o cancelamento de cargas e atrasos nos embarques, reforça Flávio França Júnior, consultor da Safras&Mercado, que trabalha com projeções até mais otimistas para o complexo soja, com salto de 14% em volume e elevação de 10% nas receitas, para US$ 28,6 bilhões.

Depois de reassumir a liderança mundial no mercado de carne bovina desde outubro de 2012, respondendo por 19% das exportações globais, o país deverá exportar neste ano "a cifra histórica de US$ 6 bilhões", batendo o recorde de 2012, quando as vendas do setor atingiram US$ 5,744 bilhões, prevê Antônio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Como tendência, o volume a ser vendido lá fora pela indústria de carne bovina deverá aumentar 27%, com avanço entre 20% e 25% em receita. "Vários países alteraram o pacote de oferta, num rearranjo de cardápio que privilegiou os cortes de menor valor agregado". Esse fator explica o valor médio mais baixo neste ano.

Com participação de 6,4% na pauta de exportações do agronegócio, abaixo dos 8,5% alcançados no primeiro quadrimestre de 2012, o café tenderá a registrar crescimento na quantidade destinada ao mercado externo, mas não conseguirá repetir a receita de 2012, ano em que foram exportados US$ 6,46 bilhões, considerando-se as vendas de café verde, torrado e solúvel. As exportações em volume, que já haviam crescido 17% no primeiro quadrimestre, tendem a ser acelerar, espera o analista da MB Agro, César de Castro Alves, já que vinham em ritmo muito modesto desde a segunda metade do ano passado, com a decisão do setor de retardar os embarques à espera de preços mais favoráveis lá fora.

Rui Eduardo Saldanha Vargas, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), informa uma queda de quase 9% nas exportações de carne suína no primeiro quadrimestre deste ano, com embarques de 155 mil toneladas. A receita sofreu perda de 5%, para US$ 416 milhões, com avanço de 4,2% nos preços médios.



Veículo: Valor Econômico


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