O número de contratações e de empregos formais dos principais setores da economia brasileira está em expansão, apesar da instabilidade do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. O setor que mais contrata hoje é o de Serviços, conforme aponta a maioria das pesquisas sobre o tema. Em seguida vem a Indústria, que mais sofre com o ritmo econômico. O motivo que explica essa dicotomia, segundo especialistas, é principalmente o aumento da formalização no Brasil.
Dentre os principais estudos, divulgados recentemente, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrou que as empresas de Serviços geraram 75.220 novas vagas em abril (alta de 0,46%), seguido da indústria de transformação com 40.603 postos (aumento de 0,49%). Com relação aos pequenos negócios, segundo o levantamento do Sebrae baseado no Caged, Serviços totalizaram 59,5 mil novos postos. Dentro disso, destacaram-se os segmentos de comercialização e administração de imóveis (18,4 mil vagas), e os empreendimentos de transportes e comunicações (17,3 mil empregos). Com relação à indústria, especificamente a de transformação, a têxtil é que mais gerou novas vagas (3.642 vagas).
Pelos dados do Dieese, no conjunto de seis regiões metropolitanas com o Distrito Federal, em abril, o setor, que mais contrata, criou 113 mil postos de trabalho. As maiores participações foram de educação, saúde humana e serviços sociais (28,1%), Transporte, armazenagem e correio, seguido por atividades profissionais, científicas e técnicas (15,1%) e por atividades administrativas e serviços complementares (13,0%). Em indústria, também a de transformação é importante do mercado de trabalho. Porém, no caso dessa pesquisa, foram eliminados 172 mil postos de trabalho.
De modo geral, o comércio varejista da Região Metropolitana de São Paulo registrou crescimento de 2,3% no número de empregados formais em março, segundo dados da FecomercioSP. Até mesmo a indústria brasileira registrou alta foi de 0,2% no volume de vagas formais, pelos últimos dados divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E nos pequenos negócios, os números foram ainda mais expressivos: alta de 120% em abril ante março deste ano.
Fatores
O assessor econômico da FecomercioSP, Fábio Pina, explica que há uma defasagem entre mercado de trabalho e crescimento ou desaceleração econômica, devido à formalização. "Os empresários esperam ter certeza do que está acontecendo antes de demitir ou contratar mais gente. É caro dispensar ou chamar um novo funcionário. Um empregado que tem um salário de R$ 1 mil, por exemplo, custa R$ 2 mil para a empresa", entende.
O presidente do Sebrae, Luiz Barretto, também aponta a formalização com um fator para o crescimento da contratação dos pequenos negócios, apesar do fraco desempenho do PIB.
"A melhoria do ambiente legal para os pequenos negócios, com a criação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, trouxe um ambiente favorável para o empreendedorismo em diversos setores [...] Hoje temos mais de sete milhões de micro e pequenas empresas no Simples, incluindo os Microempreendedores Individuais [MEI]", afirmou Barretto.
Ainda segundo ele, o crescimento do poder de consumo da chamada nova classe média também contribui para este cenário, no qual, de 100 milhões de consumidores, 40 milhões deles aumentaram a demanda junto às micro e pequenas empresas. "Esses resultados positivos nos últimos anos comprovam que os pequenos negócios continuarão contratando e crescendo."
O professor de relações do trabalho na USP, José Pastore, endossa a opinião de Barretto. "Com a demanda atualmente voltada para serviços pessoais, de comunicação, transportes, entretenimento, entre outros, este é o setor que mais contrata. E a formalização colabora neste cenário, ao permitir salários melhores, proteção social e acesso ao crédito."
No caso da Indústria, o economista da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Marcelo D'Ávila, cita ainda a falta de pessoal qualificado para justificar as contratações ou o crescimento do número de empregos formais. "O empresário prefere reter um profissional treinado mesmo com a estagnação da produção, e porque o processo de demissão é muito caro", ressalta.
Um exemplo dos números positivos da Indústria é que, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o setor registrou 153.708 colaboradores diretos em maio, aumento de 6%.
De acordo com o presidente da entidade, Luiz Moan, "a implantação do regime automotivo, o Inovar-Auto, tem gerado aumento da demanda por veículos e aquecimento do mercado e cada montadora desenvolve estratégias para atender esta demanda".
Veículo: DCI