Em franca expansão, o setor de shopping centers (malls) passa a perceber que operações de vizinhança - com área bruta locável (ABL) inferior a 20 mil metros quadrados - são tão eficientes quantos os empreendimentos tradicionais. Todos os envolvidos no empreendimento, da incorporadora aos lojistas, ganham com custos menores ao implementar a operação.
Quem acaba de investir nesse ramo é o Grupo Pão de Açúcar (GPA) com seu braço operacional GPA Malls & Properties, cujo presidente, Alexandre Vasconcelos afirmou ao DCI que, além do empreendimento inaugurado ontem, o Conviva Américas, na Barra da Tijuca, zona nobre do Rio de Janeiro, estão previstos novos shoppings de vizinhança ainda em 2013.
"Este ano nós teremos mais dois empreendimentos de médio porte. A operação do Rio tem pouco mais de 12 mil m², os próximos a serem lançados ainda este ano, será um de 7 mil m² e outro de 5 mil m², disse o executivo.
Para Vasconcelos a operação de vizinhança lançada pela companhia atende a uma demanda específica da região carioca. "O mix de loja é adaptado a população daquela região, tanto que a âncora Pão de Açúcar tem conceito e layout diferenciado. Outra loja que só tem lá é a Centauro, uma loja full size de 3 mil m², a primeiro da rede de varejo esportivo", explicou ele. Além dos dois projetos, a GPA Malls & Properties estuda empreendimentos em Minas Gerais, no Tocantins, em Brasília e no Nordeste.
Alexandre Vasconcelos quando questionado sobre o local dos próximos empreendimentos, disse que poderia adiantar apenas que eles não serão construídos do zero. A empresa aproveitará operações de hipermercados existentes e construir um anexo. "Em São Paulo, por exemplo, temos um hipermercado que pode agregar uma operação de vizinhança", disse ao que completou: "Essa medida faz com que o investimento do lojista seja 20% menor".
Experiência
Vasconcelos fez questão de ressaltar que, devido à experiência do GPA em varejo, a relação entre as partes será benéfica e rentável. "Ressalto que essa é uma alternativa aos lojistas que querem expansão nacional devido à experiência do grupo no setor."
Segundo Luís Augusto Idelfonso, diretor institucional da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), o formato de vizinhança é uma tendência que crescerá no País, mas não é de hoje que ela tem sido implementada no setor. "Operações com ALB menor já existem a um certo tempo no País, se tornam tendência pois têm custo menor na construção, terreno, etc.".
Mas é preciso ficar atento, pois como são empreendimentos específicos eles atendem as necessidades do público no entorno do shopping, com isso, as vendas podem ser menores. "Eles são rentáveis aos lojistas, mas o volume e a velocidade de venda é diferente de um espaço tradicional", explicou o especialista.
A afirmação não significa que o varejista que escolher abrir uma loja em um shopping de vizinhança não terá retorno do investimento. "Como a concepção do espaço é mais barata, acaba compensando para o lojista. Além disso, nenhum empresário abrirá uma loja em um shopping sem a certeza de retorno em vendas", concluiu Idelfonso.
Um empreendimento que deu certo com esse formato mais enxuto foi o Mais Shopping. Com 13 mil m² de Área Bruta Locável, tem 213 lojas. Segundo Marco Antônio Ferreira, superintendente do empreendimento ele tem conceito diferenciado dos demais. "O Mais Shopping conta com lojas modulares. Esse formato de loja não necessita de grandes investimentos uma vez que o lojista usará o piso do empreendimento, ar condicionado, iluminação fato esse que reduz os custos com investimentos em cerca de 60%", disse o executivo em entrevista anterior ao DCI.
Concorrência
Outro player que está a se aventurar no segmento de vizinhança é a ABLSAN - Planejamento e Comercialização de Shopping Centers, que vai inaugurar no final deste ano o Shopping Porto Miller Boulevard, em Porto Feliz, no interior de São Paulo. O projeto compreende 14 mil m² e ABL de 8 mil m² e terá a administração da Demark Administração de Shopping Centers.
Segundo o André Pinto Dias, sócio-diretor da Demark, o empreendimento está localizado no centro da cidade de Porto Feliz e foi construído em uma antiga fábrica da cidade. "Como o prédio é tombado, tivemos que seguir alguns padrões, tanto que de ABL temos 8 mil metros", disse. No empreendimento há espaço para 90 pontos comerciais e até o presente momento já foram fechados cerca de 60 espaços.
Ainda segundo Dias, a escolha do local tem a ver com o conhecimento da região dos empreendedores, a ABLSAN, e o potencial da cidade, que receberá a fábrica da Toyota para a produção de motores. "A Toyota investiu um R$ 1 bilhão na região. Há um local em pleno desenvolvimento e com o supermercado Delta, teremos um fluxo bom de clientes", disse.
Veículo: DCI