São Paulo, um gigante do agronegócio

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O Estado de São Paulo, todos sabem, é o principal motor da economia brasileira, responsável por cerca de um terço do Produto Interno Bruto (PIB). E o agronegócio tem grande participação nessa pujança. Hoje, a cadeia do agronegócio (que envolve tudo o que está entre a prancheta do cientista e o consumidor final, considerando de alimentos a madeira e papel) representa 40% da riqueza paulista. No ano passado, considerando apenas o montante obtido com os produtos, sem manufatura, o setor movimentou R$ 61,5 bilhões, 3,3% mais que o registrado em 2011 e praticamente o dobro do apurado em 1998. Os números foram apresentados ontem pela secretária estadual de Agricultura e Abastecimento, Mônica Bergamaschi, que fez palestra em reunião do Conselho de Economia (COE) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
 
Segundo a secretária, a principal característica do agronegócio paulista é a alta produtividade. "Temos 30% do agronegócio brasileiro com apenas 2,5% do território do País", afirmou. No estado, há 21,49 milhões de hectares ocupados com agricultura e pecuária, 100% das terras disponíveis. No total, o estado tem 25 milhões de hectares, com áreas não disponíveis para agricultura e pecuária por terem cobertura de vegetação nativa ou restrições como a existência de sítios arqueológicos. "Como não há mais fronteiras agrícolas no Estado de São Paulo, a saída é produzir mais no mesmo espaço, com tecnologia e aprimoramento constante de técnicas", destacou, lembrando que a Secretaria dá a sua contribuição, com seis institutos e 45 unidades de pesquisa. "Temos 1.535 linhas de pesquisa, em áreas como agronomia, zootecnia e pesca", informou.
 
Quando se fala em agronegócio, associa-se São Paulo principalmente com as culturas de cana de açúcar e café. Na verdade, a produção é muito mais diversificada, como observou a secretária. A área de pastagem, por exemplo, ocupa 34,6% dos hectares disponíveis, ante 27,2% da cana de açúcar. São Paulo é o maior produtor nacional de cana de açúcar (54,4% da produção do País), de açúcar (58,6%), etanol (51,1%), laranja (80%), suco de laranja (53%), borracha natural (59,2%) e ovos (35%). Entre as frutas de mesa, o estado é o maior nas culturas de limão (49%), abacate (57%), tangerina (38%), goiaba (33%) e, por mais estranho que pareça, caju (48%). Em café e carne de frango, São Paulo fica com o terceiro e o quarto lugares, respectivamente.
 
A produção estadual vem de 330 mil propriedades rurais que, em média, têm área de 60 hectares. Segundo Mônica, 80% do agronegócio paulista está ligado à agricultura familiar, o que exige mais da Secretaria, pois as propriedades estão dispersas no estado. "Temos sempre que apoiar os agricultores familiares, seja com projetos de orientação ou com oferta de crédito subsidiado", afirmou a secretária.
 
Vão nessas linhas alguns dos programas montados pela Secretaria da Agricultura. Por meio do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista, são oferecidas aos pequenos produtores 28 linhas de crédito com juros de 3% ao ano (ou mais baixos, de 2,25% anuais, caso o agricultor pague em dia a dívida). Uma das linhas, para a aquisição de tratores e outros equipamentos, tem juro zero. O programa Integra São Paulo, por sua vez, financia a integração, em uma mesma área, de lavoura, pecuária e reflorestamento. O tomador tem até 12 anos para pagar (com seis anos de carência). Há, ainda, subsídio para o pagamento de prêmios de seguro rural, com orçamento de R$ 22 milhões por ano. Todas as operações subsidiadas têm o Banco do Brasil como agente financeiro, mas os recursos vêm do Tesouro estadual.
 
A Secretaria trabalha também com fiscalização de produtos e defesa sanitária, incentivo à produção de orgânicos, fortalecimento de iniciativas de negócios (por meio do programa Microbacias II), recuperação de estradas rurais e orientação aos pequenos agricultores (área que ganhou reforço em abril com a criação do itinerante Poupatempo do produtor rural).
 
Laranja –
O reforço do mercado interno pode ser uma saída para a atual crise da cultura da laranja do Estado de São Paulo, disse ontem a secretária da Agricultura.
 
O setor enfrenta problemas tanto na produção – com a presença de pragas como o cancro cítrico e o greening – quanto na comercialização – como 98% do suco de laranja é exportado, a forte redução da demanda externa prejudicou os negócios.
 
De acordo com a secretária, no ano passado caíram dos pés cerca de 30 milhões de caixas de laranja por causa das pragas, que ainda não têm controle. A pesquisa para o combate de cancro cítrico e greening, destacou, demora e ainda está sendo feita. Ao mesmo tempo, o mercado externo desacelerou por causa da crise dos últimos anos e da diversificação do consumo. "Hoje, o suco de laranja concorre com sucos de outras frutas e com bebidas diferentes como as águas aromatizadas", disse Mônica.
 
A secretária afirmou também que o setor precisa promover mais o consumo do suco de laranja pelo brasileiro, que não consome tanto quanto poderia por causa, entre outros fatores, do preço elevado do produto no varejo.



Veículo: Diário do Comércio - SP


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