A colheita de café na área de atuação da Cooxupé, maior cooperativa de cafeicultores do mundo, atingiu até agora cerca de 10% do total projetado e indica volumes menores que os previstos, o que pode levar uma redução nas projeções de produção na atual safra. A afirmação é do presidente da Cooxupé, Carlos Paulino da Costa, que avalia que a produtividade tem sido menor que a esperada por conta de um tempo muito quente em dezembro e janeiro. Ele também está preocupado com o efeito das recentes chuvas para a qualidade do café.
A área de atuação da Cooxupé, no Sul de Minas e Cerrado Mineiro, tem expectativa de colheita de 8,5 milhões de sacas, o que já seria uma queda de 15% na comparação com a safra passada, em função de o ciclo atual ser o ano de baixa produtividade na bianualidade do café arábica. Mas as colheitas iniciais, de grãos "muito miúdos", indicam uma produção menor. Conforme a colheita avança, será possível uma projeção mais detalhada.
O volume de café estimado para as regiões da Cooxupé representa 17,5% da produção prevista para o país pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de 48,6 milhões de sacas, a maior safra para um ano de baixa do arábica.
Costa citou um teste feito nesta semana na cooperativa para exemplificar a menor produtividade. Em 2012, para se obter 100 gramas de café eram necessários 740 grãos. Neste ano, para o mesmo volume foram usados 900 grãos do produto.
Até o momento, a cooperativa recebeu em torno de 100 mil sacas de café da safra nova, volume pequeno ante as mais de 4 milhões de sacas com potencial de receber neste ano. Os recebimentos se intensificam a partir de agosto e setembro, quando os produtores já conseguiram formar maiores volumes para entregar nos armazéns.
Qualidade – Chuvas acima da média para o mês de junho em algumas áreas do Brasil, incluindo o Sul de Minas Gerais, estão preocupando os cafeicultores, pois já afetam a qualidade do produto. E previsões de mais precipitações aumentam o alerta do setor produtivo, que teme a repetição de uma situação vista
no ano passado.
Os produtores conseguem preços mais altos para os cafés de melhor qualidade, no entanto Costa observou que o mercado atual não estimula essa produção, pois é pequena a diferença entre os melhores produtos e aqueles não tão bons.
De acordo com ele, o café de boa qualidade está cotado a R$ 285 por saca, enquanto o de baixa vale R$ 245 por saca. O produtor lembrou que a commodity, que está oscilando perto do menor nível em quase quatro anos na bolsa de Nova York, é cotada no Brasil abaixo do preço mínimo de garantia do governo, de R$ 307 por saca.
Veículo: Diário do Comércio - SP