IPI de fogão vira teste de 'pacto fiscal'

Leia em 2min 40s

Governo discute o risco de renovar o desconto do IPI da linha branca, que vence no domingo, após anúncio de pacto fiscal por Dilma

O pacto de responsabilidade fiscal proposto pela presidente Dilma Rousseff para atender à voz das ruas vai passar pelo primeiro teste de fogo. Vence no domingo o prazo do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido para móveis e produtos da chamada linha branca - fogões, tanquinhos, refrigeradores e máquinas de lavar roupa. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, se reúne hoje com representantes da indústria e do comércio varejista para decidir se prorroga o benefício, em vigor desde 1º de dezembro de 2011.

O anúncio de mais uma medida de estímulo ao consumo com custo para os cofres do Tesouro Nacional pode servir de alvo para novos bombardeios à equipe econômica, que já está sob forte pressão com a deterioração das contas públicas e o aumento da desconfiança em relação à política fiscal. Mais um ruído nessa área pode minar ainda mais a credibilidade da equipe econômica e da presidente, que empenhou sua palavra por maior austeridade fiscal, como um dos cinco pactos assumidos em resposta aos protestos.

Fontes ouvidas pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, admitem que a pressão fiscal nesse momento em que a equipe econômica se esforça para recuperar a confiança do mercado colocou o governo numa "saia justa". Com a piora das contas públicas, a lenta retomada do crescimento, inflação elevada e alta de juros, a estratégia de cortar imposto para estimular o consumo foi colocada em xeque. "É uma decisão difícil", admite um interlocutor do ministro Mantega.

Riscos. O governo já assegurou uma grande demanda para a indústria com o programa "Minha Casa Melhor", de crédito subsidiado para a compra de eletrodomésticos e móveis para o beneficiários do Minha Casa, Minha Vida, mas há risco de alta dos preços com o fim do desconto do IPI. Além disso, depois da divulgação do PIB do primeiro trimestre, Mantega havia assegurado que o governo não tomaria mais medidas de estímulo..

Mesmo com a promessa, o governo anunciou o Minha Casa Melhor, que liberou uma linha de R$ 18,7 bilhões de crédito com juros de 5% bancados com dinheiro do Tesouro. O programa foi mal recebido por economistas e criticado pela oposição como eleitoreiro.

Quando decidiu prorrogar o IPI mais baixo para automóveis, o governo chegou a sinalizar à indústria que faria o mesmo para móveis e eletrodomésticos. Desde então, porém, o quadro econômico e político mudou. Houve forte erosão da credibilidade da política fiscal, o governo lançou o Minha Casa Melhor e manifestantes tomaram as ruas, levando Dilma ao pacto por austeridade.

Há expectativa de a decisão sobre o IPI ocorrer hoje, antes do fim do prazo. A indústria espera a prorrogação. Mas um dirigente da indústria admitiu que, se o governo não prorrogar o desconto, a chance de os preços aumentarem na mesma proporção do imposto é menor por causa do Minha Casa Melhor. "O programa garantiu uma demanda que não tínhamos. Como resposta ao comprometimento do governo, os empresário não devem aumentar preços."



Veículo: O Estado de S.Paulo


Veja também

Sobras de alimentos para instituições carentes

Alimentos que estejam em condições de consumo poderão ser doados. É o que prevê projet...

Veja mais
Whirlpool avalia impacto cambial na linha branca

A fabricante de eletrodomésticos Whirlpool ainda avalia o impacto do dólar nos preços de seus produ...

Veja mais
Pressão do dólar vai elevar preços de aparelhos

A recente escalada do dólar, que na quinta-feira da semana passada atingiu R$ 2,25, o valor mais alto desde 1&ord...

Veja mais
Medida argentina derruba estoque de trigo brasileiro

A decisão argentina de suspender as exportações de trigo até o dia 26 de dezembro come&ccedi...

Veja mais
MP espera fechar acordo com empresas envolvidas em fraude

Processadoras com lotes de leite adulterados analisam propostaO Ministério Público (MP) do Rio Grande do S...

Veja mais
Varejo prevê alta de 6,4% nas vendas

Pesquisa do Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV) reduz a previsão de crescimento do setor em junho,que po...

Veja mais
Mais controles sobre hortifrúti

MP exige que supermercados identifiquem os produtores caso haja excesso de agrotóxicosNa tentativa de identificar...

Veja mais
Varejo exibe força em junho

O setor varejista projeta uma alta de 6,4% para o faturamento do setor em junho na comparação com igual pe...

Veja mais
Josapar construirá unidade para processar feijão em SP

A indústria gaúcha de alimentos Josapar, dona da marca de arroz Tio João, está definindo os ...

Veja mais