Enquanto os exportadores comemoram o recorde em volume e receita de café em 2008, lideranças do setor produtivo articulam junto ao governo federal soluções para o endividamento. Após conseguir o apoio de Reinhold Stephanes, ministro da Agricultura, em reunião realizada ontem, representantes da cafeicultura nacional aguardam o posicionamento de Guido Mantega, ministro da Fazenda, após reunião ministerial que ocorre na próxima segunda-feira. No entanto, caso a resposta não seja favorável ao pleito já é certo que haverá uma intervenção por parte do gabinete da presidência.
Os produtores querem a conversão da dívida financeira em sacas de café e uma política de geração de renda com o retorno dos leilões de opções públicas operando um volume de 3 milhões de sacas e recursos da ordem de R$ 1 bilhão.
Gilson Ximenes, presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), já tem garantido o apoio de Gilberto Carvalho, chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no endosso à demanda da ponta produtiva da cadeia do café. Além da influência política de grandes produtores e do volume financeiro que movimenta, o setor tem voz ativa em Brasília em função da geração de empregos que está atrelada à cadeia.
O prejuízo social do agravamento da dívida no setor deverá ser o maior argumento caso a questão tenha que ser levada até o presidente Lula. Estima-se que hoje a cafeicultura tenha 2,2 milhões de empregados nas lavouras e um total de 8 milhões de empregos diretos e indiretos, sendo a cultura a somar mais postos de trabalho.
Produção e exportação
Descolado da maioria dos grãos os números da safra em curso revelam aumento na produção se comparada ao ano em que a bianualidade naturalmente reduz o volume da safra. A safra nacional deve ficar entre 36,9 e 38,8 milhões de sacas. Na temporada 2006/2007 o volume havia sido de 33,7 milhões de sacas. Houve uma redução, conforme o intervalo inferior ou superior, de 19,8% a 15,6% em relação à colheita passada, de 46 milhões de sacas, ano de safra cheia para o café.
As exportações em 2008 alcançaram recorde com 29,8 milhões de sacas comercializadas e uma receita também recorde de US$ 4,7 bilhões no ano. "O câmbio compensou a retração provocada pela crise", disse Guilherme Braga, presidente do Cacafé. Mesmo em taxas menores, ele prevê crescimento em 2009 e a retomada dos preços nos patamares anteriores à crise em meados de março.
Veículo: DCI