Quebra de 30% na safra da Argentina pressiona mercado interno.
O último ano foi considerado um bom período para o segmento de cebola do Estado. A avaliação foi do coordenador técnico de Olericultura da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), Georgeton Silveira, que atribuiu o resultado positivo à quebra de quase 30% na produção da Argentina, um dos principais produtores mundiais desta cultura.
Segundo Silveira, este cenário propiciou uma melhoria de preços no mercado interno, uma vez que a oferta externa foi reduzida. No final do ano, a saca de 20 quilos de cebola chegou a ser comercializada a R$ 20, R$ 1 por quilo. Em 2007, o preço do quilo da cebola variou em torno de R$ 0,52 em janeiro, atingindo pico de R$ 1,11 em maio.
Em volume de produção, Santa Catarina se mantém na dianteira, com Minas Gerais ocupando o sétimo lugar, responsável por cerca de 80 mil toneladas colhidas em 2008. "Acredito que a produção em Minas Gerais deverá ser estimulada em função dos problemas nas lavouras enfrentados pelo país vizinho. Em contrapartida, existe o cenário de custos altos que afeta a maioria dos pequenos produtores", salientou.
Antes da quebra na safra argentina, a cebola daquele país entrava no Brasil com preço e qualidade melhores, o que acabava desestimulando a produção interna, afirmou Silveira. Com esse cenário competitivo, muitos dos pequenos produtores que atuavam nesta atividade deixaram a cultura, cedendo espaço para os grandes produtores. "Hoje, é comum nas propriedades a utilização de rotação de atividades de acordo com a demanda do mercado", afirmou.
Gargalo - Porém, de acordo com o coordenador, a decisão de qual cultura utilizar depende muito da vontade do produtor, ainda que para 2009 exista a expectativa de um cenário propício para o cultivo de cebola. Segundo ele, um dos gargalos que o setor ainda enfrenta é a falta de mão-de-obra especializada, aliada aos custos com adubos e sementes. "Existe a demanda por pessoal capacitado para atuar nas lavouras de cebola mas ainda assim é possível que a área em 2009 aumente em função das condições do mercado", apontou.
Em janeiro e fevereiro tanto a cebola de Santa Catarina quanto a do Paraná começam a chegar no mercado. A produção mineira, por sua vez, é ofertada entre março e novembro, com pico de oferta em agosto, explicou. Os custos, por sua vez, dependem da tecnologia utilizada e a média mineira gira em torno de R$ 20 mil por hectare plantado. Estima-se que no ano anterior foram plantados cerca de 1,4 mil hectares de cebola em Minas, montante que não deve sofrer grandes aumentos em 2009, considerou.
Segundo Silveira, o ganho dos produtores de cebola no Estado são compensados pela produtividade. Enquanto em outros estados a média produzida é de 20 toneladas de cebola por hectare, em Minas a produtividade pode chegar a 80 toneladas por hectare em função dos tratos culturais aplicados, comparou. "Bons índices de produtividade são conseguidos principalmente no cerrado mineiro e Alto Paranaíba", afirmou.
Atualmente, a saca de 20 quilos de cebola se mantém em torno de R$ 20, ainda por se tratar de um período de entressafra. "Acredito que o exercício anterior foi bom para o segmento mesmo com os produtores arcando com altos custos de produção. Agora, resta saber como os produtores conseguirão financiamentos para manter as lavouras e a produção no decorrer de 2009", questionou Silveira.
Veículo: Diário do Comércio - MG