Trigo pode ter expansão no cerrado

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Parcerias entre governo, produtores e indústria moageira visam aumentar produção na região.


 
O potencial do cerrado mineiro para a triticultura é grande e a maior dificuldade ainda é a falta de conhecimento por parte de muitos produtores que deixam de investir na atividade por medo de entraves na comercialização. A avaliação é do vice-presidente da Associação dos Triticultores de Minas Gerais (Atriemg), Eduardo Elias Abrahim, ao destacar que existem parcerias entre governo, produtores e indústria moageira visando incrementar a produção do grão na região.

 

Segundo Abrahim, para incrementar a atividade foi criado o Programa de Desenvolvimento da Competitividade da Cadeia Produtiva do Trigo (Contrigo), além de parcerias entre a Atriemg, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa-MG) para promover melhoramentos na cultura e criação de materiais específicos para implantação no cerrado mineiro.

 

Enquanto o Estado produz entre 100 mil e 110 mil toneladas, o consumo chega a 900 mil toneladas por ano, o que poderia ser colhido na região com eficiência, salientou o dirigente. "Neste momento, o mercado de trigo voltou a apresentar aquecimento e deverá melhorar mais em função da quebra da safra argentina, que no ano anterior chegou a 16,3 milhões de toneladas e, segundo perspectivas para 2009, deverá ficar em torno de 9,3 milhões de toneladas", comparou.

 

Valorização - Segundo o dirigente, este cenário é interessante para o produtor brasileiro uma vez que os preços devem reagir, pois os moinhos voltaram a procurar o grão visando abastecer os estoques. Porém, os triticultores mineiros irão segurar um pouco mais o trigo colhido, aguardando uma melhor valorização, salientou Abrahim. "A tonelada do grão hoje deve estar cotada entre R$ 550 e R$ 560, com perspectiva de chegar em março cotado a R$ 650", projetou.

 

De acordo com Abrahim, os moinhos já estão procurando o grão no mercado e uma das quatro unidades do Estado está no limite do estoque. Segundo ele, trigo no mercado mineiro existe, mas o produtor mineiro está segurando o grão para vender com preços melhores. "Há cerca de quatro anos eram 150 mil hectares irrigados com pivô central. Se os produtores resolvessem plantar trigo nessa área, produziriam algo entre 750 mil a 800 mil toneladas de trigo por ano", ressaltou.

 

Porém, segundo Abrahim, o que falta no segmento são políticas públicas que possam garantir a segurança do produtor uma vez que municípios no Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Noroeste do Estado têm um forte potencial para crescer ainda mais na atividade, observou.

 

Autossuficiência - Segundo o coordenador do Contrigo, Lindomar Antônio Lopes, as pesquisas dos últimos três anos chegaram à conclusão que tanto o cerrado mineiro quanto o brasileiro podem ser o ponto de autossuficiência de trigo no país, salientou. "Estamos tentando criar um polo de trigo no Brasil Central, formado por Minas Gerais, abrangendo o Noroeste, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, podendo utilizar também áreas do Sul de Minas, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e sudoeste baiano", explicou.

 

No total, nessas áreas poderão ser utilizados cerca de 2 milhões de hectares para produzir trigo irrigado. De acordo com Lopes, uma das principais vantagens é a previsibilidade, com a certeza da colheita com baixa incidência de pragas e boa produtividade, enumerou. "Nosso objetivo é mostrar para o produtor que a triticultura é viável, além de se tratar de uma das mais eficientes atividades para rotação de culturas", afirmou.

 

De acordo com o coordenador, o produtor de trigo tem encontrado um mercado altamente lucrativo nos últimos anos, tanto que em 2007 a produção era de 54 mil toneladas no Estado e no ano seguinte chegou a registrar crescimento de 100%. Em termos de área, foram plantados 11 mil hectares em 2007 enquanto que em 2008 a cultura alcançou 21 mil hectares. "Para 2009, estimativas apontam para um cenário com alta de 40% nos números do ano anterior", previu.

 

Além das vantagens da cultura, a quebra de safra argentina poderá estimular ainda mais os produtores neste primeiro trimestre, que é o período de planejamento agrícola. "Precisamos de um trigo nacional com qualidade e preços acessíveis. O país ainda importa 60% do trigo consumido enquanto tem condições de ser exportador do grão", destacou Lopes.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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