Eli Lilly avalia produzir genérico de marca para completar portfólio

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Prestes a assumir a presidência da farmacêutica americana Eli Lilly no país, a partir do dia 1º de agosto, o argentino Julio Gay-Ger informou ontem, em entrevista exclusiva ao Valor, que a empresa avalia a produção de "genéricos de marca", conhecidos no Brasil como similares. Segundo ele, o foco da companhia segue no desenvolvimento de medicamentos inovadores, mas os remédios maduros (com patentes expiradas) poderão ser produzidos para complementar o portfólio em situações específicas.

"Oportunisticamente, podemos trazer algum produto sob o conceito de genérico de marca", afirmou o executivo, que descartou qualquer possibilidade de a companhia ingressar no segmento que ele chama de genéricos "puros". Gay-Ger, que até agora ocupava o cargo de presidente da Eli Lilly para a América Latina excluindo o Brasil e o México, substituirá no país o salvadorenho José Antonio Alas, que assumiu a vice-presidência de marketing da companhia para mercados emergentes.

A Eli Lilly tem unidade industrial em São Paulo, mas o executivo não adiantou quando nem onde os novos produtos poderão ser fabricados. Eles poderão ser produzidos a partir de fórmulas desenvolvidas pela própria empresa ou por outros laboratórios e que estejam com as patentes expiradas, desde que se encaixem nas classes terapêuticas já atendidas pela farmacêutica, como os tratamentos contra diabetes, colesterol, depressão e câncer.

"É mais uma questão de ponte até que cheguem novos produtos", acrescentou Gay-Ger. Conforme a diretora de assuntos corporativos da Lilly no Brasil, Regiane Salateo, a ideia é produzir, dentro de uma "área de novos negócios", medicamentos "com excelência e mais acessíveis do que os de inovação para complementar o portfólio em regiões específicas", como os mercados emergentes. A farmacêutica já mantém em linha produtos próprios com patente expirada, como o Cymbalta, o Prozac e o Zyprexa. O Cialis, contra disfunção erétil, tem patente até 2015.

Com investimentos em pesquisa equivalentes a 21% a 22% da receita global anual, a Lilly tem 12 novos produtos na terceira fase de desenvolvimento, a última antes do registro pelas autoridades sanitárias governamentais, que poderão ser lançados no Brasil a partir de 2015. Parte deles, conforme Gay-Ger, já virá com biomarcadores que permitem a individualização dos tratamentos e poderá ser colocado nos mercados americano e europeu nos próximos 12 a 18 meses.

"Optamos pela inovação porque é o que sabemos fazer bem", afirmou o novo presidente, para quem os genéricos e os medicamentos inovadores são "duas faces da mesma moeda". "Uma companhia de inovação faz investimentos enormes para que novos produtos cheguem ao mercado e quando a patente expira e os genéricos baixam os preços, você já recuperou o investimento para permitir [o desenvolvimento] dos próximos produtos de inovação", acrescentou.

O executivo não revelou qual a participação brasileira na receita líquida da Lilly, que somou US$ 22,1 bilhões em 2012 e é estimada entre US$ 22,6 bilhões e US$ 23,4 bilhões neste ano. Ele afirmou, porém, que dois terços do crescimento do setor de medicamentos no mundo vêm dos mercados emergentes, com a China, em primeiro lugar, e o Brasil, "imediatamente depois".

Conforme Regiane, a fábrica de São Paulo, que produz a maior parte da linha de comprimidos da farmacêutica, como Cymbalta, Prozac, Zyprexa, Cialis e Evista, este contra osteoporose, opera a 100% da capacidade instalada e está em "constante evolução" para aumento de produtividade e redução de custos. Além de suprir o mercado brasileiro, a unidade exporta para outros países da América Latina, com exceção do México.


Veículo: Valor Econômico


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