A Philips reforça seu portfólio em utilitários de cozinha e cria um centro de inovação no Brasil
Quando a gigante holandesa Philips anunciou, em 2011, que abandonaria a produção de televisores, seu carro-chefe, causou um alvoroço no mercado ao redor do mundo. A razão para a saída, no entanto, era razoável: os principais competidores do segmento de tevês estavam vendendo aparelhos a preço de saldão. Nas mãos dos asiáticos, o produto virou uma espécie de commodity, comprometendo assim os resultados da empresa, que registrou um prejuízo de € 1,3 bilhão naquele ano, para um faturamento € 22,6 bilhões. A solução foi voltar suas atenções para outra parte da casa, na área de produtos de consumo, a divisão que, juntamente com a de aparelhos médico-hospitalares e a de iluminação, forma o tripé de seus negócios.
A Philips saiu da sala para a cozinha. “Precisamos entender o que os consumidores dos grandes mercados querem. Por isso, montamos um centro de inovação no Brasil no ano passado em nossa fábrica”, disse à DINHEIRO Chris Worp, vice-presidente global para a área de eletrodomésticos. O centro de inovação e pesquisa da Philips, instalado na unidade de Varginha (MG), é o terceiro da marca no mundo. Ele ajudou a Philips a dar uma guinada em seu portfólio de produtos para a cozinha, que foi renovado em 80% no País, desde a saída do mercado de tevês.
Com investimento de R$ 20 milhões, a unidade incrementou sua capacidade produtiva em cerca de 20% e tropicalizou seus produtos. Uma das novidades é uma panela de pressão elétrica que conta com ajuste pronto para fazer arroz no ponto do gosto local. Outras se destinam a atender demandas dos consumidores em nível global. Um produto com essa vocação é a AirFryer, uma fritadeira que dispensa o óleo e facilita o preparo com um timer que avisa quando o alimento está pronto. “As pessoas estão com cada vez menos tempo para preparar suas refeições e querem comidas mais saudáveis”, afirma Worp, que é vegetariano.
Desenvolvido pelo centro de inovação de Varginha, em parceria com os pesquisadores da divisão na matriz, a AirFryer será comercializada pelas subsidiárias da companhia. Esses são apenas alguns dos 36 novos produtos lançados neste ano no País, com base no trabalho do centro de inovação. “Ampliamos nosso portfólio para atender os consumidores em diferentes faixas de preço”, diz Worp. O resultado é um crescimento anual de dois dígitos no País. O desempenho obtido pela companhia após a troca de cinco presidentes em seis anos no País soa como música no QG da Philips, em Amsterdã, onde a pressão pela entrega de resultados cresce.
veículo: Istoé Dinheiro