Postos se transformam em mini shopping centers

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As vendas das lojas de conveniência têm crescido em um ritmo médio de 15% ao ano nos últimos cinco anos. Em 2012, o faturamento do setor foi de R$ 4,9 bilhões, 14,7% superior ao resultado do ano anterior, de acordo com Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom). O desempenho segue acima dos registrados pelos demais canais de varejo do país. No ano passado, as vendas do comércio varejista brasileiro tiveram alta de 8,4%, segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A expansão promete seguir acelerada. Dentre os 38,9 mil postos de combustíveis existentes no país, apenas 18% abrigam lojas de conveniência. "Há um caminho vasto pela frente, basta observarmos importantes mercados internacionais", sinaliza Alísio Vaz, presidente do Sindicom. Nos Estados Unidos quase 90% dos postos possuem lojas de conveniência. Na Espanha e no Reino Unido, a penetração é de mais de 60%. Na Argentina, 50% dos postos agregam essa facilidade.

No Brasil, além das lojas de conveniência, os postos têm atraído outros tipos de comércio e serviços, em grande parte, franquias. São lavanderias, padarias, farmácias, variados tipos de fast-food, salões de cabeleireiro, pet shops e locadoras de filmes. "Diversos postos estão se transformando em mini shopping centers", afirma Vaz. Segundo ele, a expansão da classe C e da renda da população, o aumento da frota de veículos, assim como, o hábito de alimentação fora de casa são fatores que impulsionam esse novo formato multifuncional.

Os postos estão sendo a base para a formação de strip malls, conceito muito aplicado nos Estados Unidos. São pequenos centros comerciais ao livre e, como o próprio nome diz, formados por uma faixa (strip) de lojas com estacionamento na frente. "As pessoas têm preferido consumir itens do dia a dia perto de casa ou do trabalho", comenta Cristiano Rodrigues, superintendente comercial da BR Stores, especializada em inteligência aplicada ao mix de lojas em strip malls e do mesmo grupo da incorporadora MDL Realty. Segundo ele, esse tipo de comércio de vizinhança ganha força porque os consumidores visam resgatar a qualidade de vida, anseiam descomplicar a rotina e ganhar tempo. Para os lojistas e franqueados, os strip malls representam custos operacionais menores do que os de shopping centers e maiores do que os de rua, mas contam com os principais benefícios de ambos, diz Stores.

A maior rede de conveniência do país, a am/pm da distribuidora Ipiranga, fechou o ano de 2012 com 1.377 lojas e resultado de vendas de R$ 1,044 bilhão. Nos últimos cinco anos o crescimento médio anual foi de 22%. "Como são 6.400 postos de combustíveis Ipiranga, há muito espaço para novas lojas por mais acelerada que tenha sido a expansão", afirma Jerônimo dos Santos, diretor de Varejo e Marketing. Segundo um levantamento da empresa, os postos com lojas de conveniência têm aumentado as vendas de combustíveis em 18% na comparação dos que não têm. A am/pm tem apostado em padarias e conta com 170 já instaladas.

A BR Mania da Petrobras possui 765 lojas e tem a meta de chegar a 929 até o final do ano. Mas o potencial também é grande porque são 7.600 postos BR. "Avançamos na faixa de 20% por ano no número de lojas. Nosso objetivo é criar diferenciais para atrair os consumidores", explica Paulo Renato Ventura, gerente de Logística e Franquias da Rede de Postos Petrobras. Os postos com BR Mania aumentam a comercialização de combustíveis em 20%. A BR Mania tem investido no design e modernização das lojas. Há três anos, a rede colocou foco no segmento food service e passou a ter oferta de 140 produtos de marca própria. Somado a isso, a ideia é implementar negócios adicionais dentro das lojas. A rede já conta com 80 BR Padarias e 150 BR Cafés, com a oferta de café gourmet de marca própria. "O mix de produtos das lojas varia de 500 a 2 mil. São itens de alimentação, mercearia, bebidas entre outros", diz. Em 2012, o faturamento foi de R$ 703,9 milhões.

A bandeira Shell Select da Raízen tem 800 lojas em operação e mais 200 em reforma e processo de abertura. O objetivo é atingir 1,5 mil estabelecimentos até 2015. Conforme Natália Cid, gerente nacional de Conveniência da Raízen, uma pesquisa recente do Sindicom indica que 40% dos consumidores vão às lojas à pé. "O desafio é oferecer algo além de uma compra rápida e de reposição emergencial. Por isso, lojas se transformam em boa opção para lanches rápidos", afirma.



Veículo: Valor Econômico


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