E-commerce impõe novas estratégias

Leia em 3min

O crescimento das vendas online está criando um desafio para o setor de transportes: atender a uma demanda crescente em meio a obstáculos cada vez maiores à circulação nos grandes centros urbanos. Com aumentos nas vendas superiores a 20% ao ano, o e-commerce tem levado muitas transportadoras a realizar investimentos estruturais para dar conta da demanda.

A Direct, uma das principais empresas do ramo, adquirida pela Tegma Gestão Logística em 2011, desembolsou R$ 9 milhões em 2012 para colocar em funcionamento um sistema de esteiras automatizadas chamado CrossBelt Sorter. Instalado na unidade de Barueri, na Grande São Paulo, o sistema permitiu ampliar em quatro vezes a capacidade de operação da companhia, ao movimentar até 8 mil itens por hora. A empresa também passou por uma renovação de frota, com a compra de cem furgões para a Direct em 2011.

Com clientes como B2W (Submarino e Americanas.com), Saraiva, Netshoes e Ponto Frio, a Tegma é considerada o maior courier privado brasileiro. O e-commerce representa 10% do faturamento, diz o presidente da companhia, Gennaro Oddone. "A compra da Direct foi uma oportunidade para entrar nesse segmento de e-commerce, que cresce 25% ao ano", diz Oddone. "É um segmento que ainda não atingiu a maturidade e vai continuar crescendo."

Para enfrentar as barreiras à circulação nos grandes centros - principalmente na cidade de São Paulo, onde além do trânsito existem áreas restritas para a circulação de caminhões -, a empresa tem procurado descentralizar e ampliar o número de centros de distribuição. Outro recurso tem sido a busca por entrega em horários "alternativos", ou seja, além do horário "comercial".

Outra que está investindo em um novo centro de distribuição é a Total Express. A empresa tem passado por algumas mudanças na diretoria. Caberá ao recém-contratado diretor de operações Ives Uliana a tarefa de tocar a implantação do no hub. A Total tem como principais clientes operadores de comércio eletrônico como Walmart, Saraiva, B2W, Sack's, Magazine Luiza, Máquina de Vendas, Nova, Privalia e Comprafacil.

Já a DHL Express tem ampliado suas revisões periódicas de rota para melhorar o desempenho das entregas, afirma a diretora de operações, Mirele Mautschke. Com forte foco no comércio internacional, a DHL vem assistindo a um aumento de 10% a 15% na demanda por ano, especialmente em 2011 e 2012, devido às importações diretas feitas pelos brasileiros. Pesquisa realizada pela Nielsen divulgada este mês revela que o consumidor brasileiro efetuou compras de R$ 2,6 bilhões em sites internacionais no ano passado. A pesquisa indica que, a se manter o atual ritmo, as compras online no exterior podem chegar a R$ 16,8 bilhões em 2018.

A DHL implantou um "cabide de entrega", que consiste em deixar um aviso para o destinatário da encomenda caso ele não se encontre no local da entrega. O aviso permite que o destinatário entre em contato para agendar uma segunda tentativa de entrega. A empresa tem como regra tentar uma entrega três vezes antes de devolver a encomenda. O horário estendido também faz parte das práticas adotadas. A empresa também utiliza um sistema de verificação de endereços para minimizar problemas de endereçamento errado, o chamado "bad address".

Além dos problemas cotidianos, as empresas enfrentaram em junho uma onda de manifestações que afetou o desempenho e gerou custos. Cálculos da Braspress, que realiza 8 mil entregas por dia, indicam que a perda de produtividade em junho em relação ao mesmo mês de 2012 foi de 12% a 15%. Na Tegma houve aumento dos gastos com horas extras e absenteísmo, mas as entregas não foram prejudicadas, diz Oddone.



Veículo: Valor Econômico



Veja também

Rastreamento cresce com oferta de serviço de valor agregado

O setor de serviços relacionados ao rastreamento e monitoramento de veículos e cargas rodoviárias, ...

Veja mais
Rotas alternativas

Ineficiência na entrega aumenta os níveis de estoqueEstabelecer operações logísticas e...

Veja mais
Design de loja precisa ir além da arquitetura

Quem passa pela calçada da rua Girassol, no bairro paulistano da Vila Madalena, não deixa de notar a bela ...

Veja mais
Postos se transformam em mini shopping centers

As vendas das lojas de conveniência têm crescido em um ritmo médio de 15% ao ano nos últimos c...

Veja mais
Preços do leite continuam em alta no país

A entressafra e a concorrência por matéria-prima entre laticínios voltaram a sustentar os preç...

Veja mais
'Não esperem pirotecnia', diz Abilio

O presidente do conselho de administração da BRF, Abilio Diniz, disse ontem que não se deve esperar...

Veja mais
Conab vai intervir no mercado de arroz

Com o intuito de evitar altas nos preços do arroz até a colheita da próxima safra, a Companhia Naci...

Veja mais
Cenário ainda adverso para construção de novas usinas

Apesar da conjuntura mais positiva para o etanol no curto prazo, decorrente dos incentivos governamentais concedidos nes...

Veja mais
Indústria dos brinquedos se adapta à falta de tempo

Conseguir distrair uma criança por horas a fio não é o único objetivo dos fabricantes de bri...

Veja mais