Salário não é tudo na cabeça do profissional

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Uma boa remuneração é algo importante na vida de qualquer profissional. Porém, esse não é o item que mais motiva as pessoas no dia-a-dia corporativo. O dado consta em estudo feito pela Ricardo Xavier Recursos Humanos, que ouviu 850 executivos. Apenas 10,2% dos participantes consideram o salário o elemento mais importante para sua motivação profissional. Para a maior parte (67,1%), importante mesmo são os desafios e as perspectivas de crescimento na carreira. "A remuneração é uma consequência. Se ela não acompanha esse movimento de ascensão na carreira, pode haver uma desmotivação. Mas o que mais impulsiona os executivos a permanecerem são os desafios e a possibilidade de crescimento no curto, médio e longo prazo", diz a diretora de consultoria da empresa Neli Barboza.

 

Segundo ela, os executivos se sentem motivados quando percebem que seu potencial está sendo bem aproveitado e, ao mesmo tempo, exitem oportunidades de desenvolvimento. "O mercado exige também que o profissional continue construindo e avançando. Só uma remuneração elevada não adianta. Se não há a percepção de uma evolução, surge a sensação de estagnação", analisa Neli.

 

A afirmação encontra eco no mercado. "A zona de conforto não me conforta. Sempre busquei coisas novas", afirma a gerente de vendas da joalheria Amsterdam Sauer, Clarissa Rossato da Cruz. Sua trajetória profissional é marcada por transições que evidenciam sua busca pela realização profissional. Formada em Direito, ela não demorou a perceber que lidar com leis não era sua vocação. Após a graduação, ela fez um curso sobre direito internacional em Haia, nos Países Baixos. O que seria percebido como uma oportunidade única para qualquer estudante, não a animou a prosseguir na profissão. "Eu sentia que isso era o que eu queria. Sou uma pessoa movida pelo que me deixa feliz e me entusiasma", destaca.

 

No final de 1999, Clarissa resolveu ir para Londres. Seu primeiro emprego fixo (após alguns bicos) foi como vendedora na loja Prada na Harrods. Após três meses, ela foi promovida a gerente da butique da grife, na Sloane Street. Depois de mais meio ano, Clarissa assumiu a gerência da divisão feminina da empresa. No total, ela atuou por quatro anos na Prada, onde permaneceu até 2004. "Meu plano era ter uma experiência internacional de pelo menos três anos. Mas as coisas aconteceram e abracei a situação. Os desafios eram bons. Não era minha intenção morar fora por muitos anos. Tenho uma ligação boa com a minha família, com o País. Queria voltar, mas somente depois de realizar algumas coisas", diz. De acordo com o estudo da Ricardo Xavier, Clarissa faz parte de uma minoria: apenas 27,6% dos profissionais atuam em uma área de atuação que não corresponde à graduação que possuem.

 

Formação

 

Clarissa saiu da Prada ao ser procurada pela Dolce&Gabbana. Ela já havia acumulado experiência e tinha uma clientela significativa e por isso assumiu a gerência de relacionamento com clientes especiais no novo emprego. Enquanto continuava sua aventura no mundo do luxo, ela não descuidou dos estudos e aproveitou para fazer uma especialização em finanças corporativas na London Business School.

 

No levantamento da Ricardo Xavier, 64% dos entrevistados responderam que os próprios profissionais devem arcar com os investimento no desenvolvimento da suas carreiras, enquanto 31,6% acreditam que deve haver uma parceria entre profissional e empresa. Segundo Neli, da Ricardo Xavier, a princípio a empresa dominava e até dirigia a carreira de seus funcionários. Porém, a situação mudou após alguns anos, quando os as pessoas começaram a perceber que a carreira, afinal, era delas. "As empresas começaram a perceber que o profissional deve cuidar da própria carreira, mas que as companhias também têm seus interesses. Então cabe à empresa e ao profissional avaliarem se o casamento deve continuar ou não. Essas movimento de parceria é o ideal e é o que mais tem crescido."

 

Guinadas

 

Após sua passagem pela Prada e Dolce&Gabbana, Clarissa seguiu para a tradicional joalheria Asprey, onde ficou por um ano, com a missão de abrir uma loja da marca na Harrods. E sua carreira continuou em ascensão: ela foi apresentada ao diretor-executivo da De Beers, conglomerado que atua na área de mineração e comércio de diamantes, quando foi convidada a trabalhar na empresa e ajudá-la em sua atuação no varejo. Mas mesmo com uma trajetória de sucesso, ela resolveu dar mais uma guinada em sua carreira e percebeu que era o momento de retornar ao Brasil. "Foi um pouco assustador voltar. Mas era o que eu quereria. O meu futuro eu sempre enxerguei aqui", diz ela, que desde maio do ano passado trabalha na Amsterdam Sauer. "Sou realizada com o que vivi e estou feliz em estar de volta ao Brasil, mesmo que isso tenha significado começar tudo novamente", completa.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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