Pequena quer fatia de 30% das vendas virtuais

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Apesar de o comércio eletrônico (e-commerce) no País estar crescendo a taxas médias de 40% ao ano, um dos principais desafios do setor, que fechou 2008 com R$ 8,2 bilhões de faturamento, é inserir neste ambiente as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), que representam 93% dos estabelecimentos formais em operação. A meta de entidades, como a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Camara-e.net), é que até 2010 as empresas com este perfil representem 30% do comércio virtual, cujos ganhos previstos estão na casa dos R$ 15,4 bilhões.

 

Atualmente existem mais de 16 mil lojas virtuais em funcionamento, mas as 18 maiores lojas são responsáveis por 80% do volume de vendas geradas o setor. "Queremos ampliar a participação desses empresários no ambiente eletrônico. Este é um mercado com imenso potencial e o número de empresas precisa crescer para atender à demanda de novos consumidores", pontua Gerson Rolim, diretor executivo da Camara.e-Net.

 

O executivo comenta que muitas das compras efetuadas no e-commerce ainda são de itens como CDs e DVDs, mas que comercialização de livros, equipamentos de informática, sobretudo os eletrônicos, estão ganhando mais espaço. Entretanto, para Rolim, a saída é identificar um nicho de mercado e desenvolver estratégias fortes para conquistar o público. "Os grandes varejistas tem um mix de produtos gigantesco e mesmo assim não consegue suprir as necessidades de uma grande parcela dos e-consumidores por não vender produtos de uma determinada categoria."

 

O diretor executivo da entidade ressalta que os pequenos investidores devem focar suas atividades em nichos de consumo diferenciados. Esta foi a saída encontrada pelo microempresário Jorge Narciso Jr., que fundou há quatro meses a loja Areia Doce, voltada para público feminino.

 

Com expectativa de faturar R$ 100 mil no primeiro ano de funcionamento, o estabelecimento virtual possui no seu mix itens de decoração, jóias importadas e bijuterias, acessórios e livros, todos, segundo o proprietário, voltados para o bem-estar. "Por trabalhar nas áreas de educação e nutrição, tenho muito contato com o público feminino e, por viajar bastante, tenho mais de cinco mil contatos diretos, que confiam no meu trabalho", explicou Narciso Jr. sobre a sua motivação para ingressar no comércio eletrônico.

 

O empresário acredita que não possui muita concorrência, pois não vende apenas as principais marcas, mas kits que incluem cosméticos e jóias, produtos em sua maioria exclusivos, "principalmente as jóias, que são importadas da Indonésia". O investimento inicial, incluindo estoque, programação e hospedagem do site foi orçado em R$ 10 mil, concretizado com capital próprio. Para incrementar as vendas, Narciso aposta em meios de divulgação como newsletter, sites e material impresso, distribuído em diversos eventos.

 

Assim como os grandes varejistas físicos e virtuais, ele adotou a estratégia de queimar o estoque restante das vendas de final de ano. Entre os fornecedores da loja Areia Doce estão as marcas de cosmético e perfumaria Muriel, Natuflora e Aroma Real, além da Livraria Biruta. "Neste ano pretendemos ampliar mais as linhas de produtos e passar a disponibilizar itens para o público masculino, pois recebemos pedidos de muitas clientes que desejam comprar presentes para seus maridos, filhos ou namorados", diz.

 

Suporte

 

O proprietário da Areia Doce contou que a principal dificuldade para iniciar o negócio foi a falta de suporte, por isso "apanhou um pouco para desenvolver a loja". Narciso Júnior participou apenas de alguns cursos do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP), porém, eles não estavam relacionados ao comércio eletrônico.

 

Sandra Turchi, responsável pelo desenvolvimento do projeto de inclusão das MPMEs no ambiente virtual da ACSP conta que esta é a atitude da maioria dos empresários. "Na maioria das vezes, ele faz tudo sozinho e não tem tempo de procurar informações. As entidades que representam o comércio físico e virtual uniram forças para levar tecnologia a este público", analisou.

 

A Camara-e.net e a ACSP comandam um evento itinerante para apresentar as facilidades do ambiente virtual aos empresários. Durante os encontros, os interessados conhecem os aspectos ligados à área como logística, web marketing, inclusive, linhas de financiamento de até R$ 250 mil pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). Já são mais de 1 mil inscritos no projeto.

 

Mercado

 

Dois exemplos de lojas eletrônicas que escolheram mercados específicos para atuar são o Donatti 4x4, especializado em peças para jipes e a Camomilah, que vende lingerie de tamanhos grandes. Nascida há sete anos, a loja especializada nasceu a partir do hobby de Luis Fernando Donatti, que é a prática de circuitos off road e a fabricação própria de peças para seu automóvel, já que não estavam disponíveis para venda no País. No ano passado, ele estima que a empresa obteve ganhos na faixa de R$ 2 milhões, sendo que o investimento no negócio até então soma, em média, R$ 70 mil. Donatti ainda está reticente quanto às perspectivas de crescimento para este. "Em momentos de crise, as pessoas deixam de gastar com hobby, para de viajar ou vende o veículo", aponta.

 

Para manter o ritmo alcançar a meta de incrementar o faturamento em 40%, nos próximos meses será criada uma importadora. "Revenderemos peças às lojas virtuais concorrentes, que de alguns anos para cá somam mais de 30", disse o empreendedor. Ainda para facilitar a revenda de equipamentos, o empresário mantém uma distribuidora.

 

As últimas modificações no e-commerce da Donatti 4x4 foram a instalação de um carrinho de compras virtual e a migração para um provedor Jet, para comportar a página. A loja virtual também passou a aceitar pagamentos via cartão de crédito.

 

Pressão

 

Por causa da importância das MPEs na economia, o atual presidente do Conselho Deliberativo do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP), Abram Szajman, defendeu a redução de tributos e mais facilidades de acesso a crédito para as micro e pequenas empresas. "Vamos fazer pressão junto à área governamental para que as MPEs paguem menos impostos e tenham mais crédito", declarou o empresário, mais conhecido por presidir há 21 anos a Federação do Comércio de São Paulo. O discurso aconteceu na 73º reunião do Conselho Deliberativo do Sebrae-SP, quando foram empossados para a nova gestão da entidade, o diretor superintendente Ricardo Tortorella, o diretor Administrativo e Financeiro Milton Dallari e o diretor técnico Paulo Arruda.

 

Veículo: DCI


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