O uso de alumínio em embalagens está blindando a indústria do setor contra um grande declínio da demanda provocado pela crise financeira internacional. Ao contrário do setor automotivo - que viu a sua produção despencar, especialmente no mês de dezembro - a indústria de embalagens continua em ritmo acelerado, o que tem ajudado o setor a respirar mais tranquilamente. Segundo levantamento realizado pela Comerc Comercializadora de Energia , a indústria de embalagens foi o único setor industrial que apresentou um número positivo em relação ao uso de energia elétrica em dezembro em relação a novembro, de 3,35%.
De acordo com a Associação Brasileira de Alumínio (Abal), cerca de 28% do total do alumínio produzido no Brasil é destinado para embalagens, ficando até mesmo à frente da indústria automobilística, destino de 27,5% da produção.
Ainda segundo a entidade, em 2008, o consumo no País bateu recorde e superou a barreira de um milhão de toneladas, após um crescimento de 12% em relação ao ano de 2007.
A expansão ficou pouco abaixo da projeção realizada antes da eclosão da crise, que era de 14%. "O alumínio está presente em vários segmentos e não tivemos queda em todos. No de embalagens não houve nenhuma mudança, por isso acabamos tendo essa queda bem aliviada", afirmou o coordenador da Comissão de Economia e Estatística da Abal, Claudio Chaves. De acordo com ele, a previsão é que 2009 seja um ano da consolidação do consumo acima de um milhão de toneladas e o crescimento projetado não deve passar de 1%. Em 2008, a produção deve chegar perto de 1,6 milhão de tonelada de alumínio.
Para a fabricante Novelis, líder em laminados e reciclagem de latas de alumínio, 2009 será um ano em que a capacidade da empresa será ampliada em 100 mil toneladas anuais, chegando em 400 mil toneladas. "O ano de 2008 foi muito positivo para a empresa e estamos nos preparando para maiores crescimentos pela frente. O mercado de transporte caiu com a crise, mas o de embalagens continua forte e fez com que houvesse uma demanda maior. A diversidade nos ajudou", afirmou Mauro Moreno, diretor de Vendas da companhia.
Mesmo com a cadeia de alumínio no Brasil também sentindo os reflexos da crise financeira, o produtor americano de alumínio Alcoa informou que manterá seus investimentos previstos para o Brasil mesmo com a demissão de 13,5 mil funcionários em todo o mundo, o que equivale a uma redução de 13% em seu quadro de pessoal. Por meio de comunicado, a companhia informou que também eliminará 1.700 contratos temporários, congelará os salários e as contratações no mundo todo, venderá quatro negócios que não estão estreitamente relacionados com seu principal negócio e ainda reduzirá sua produção anual de alumínio em 750 mil toneladas métricas, o que equivale a 18%.
Energia
A análise mensal da Comerc, realizado com 119 gerenciadas pela companhia, mostrou forte desaceleração do ritmo de produção industrial no mês de dezembro em relação a novembro do ano passado. De todos os segmentos analisados, 14 apresentaram retração no consumo de energia, as reduções mais bruscas foram sentidas junto às empresas de Plásticos e Borrachas, com queda de 44,73%, seguido pelo siderúrgico cujo consumo foi 44,73% menor e o setor de veículos e peças fecha as três maiores quedas com índice 36,50% abaixo do registrado no período anterior.
Veículo: DCI